A
MAÇONARIA ACOVARDOU-SE
OU
ACOVARDARAM-SE
OS MAÇONS?
Oriente do Janga - Paulista -PE, 09 de Setembro de
2011. (Prancha revisada e atualizada em 05.11.2016).
Veneráveis Irmãos e amigos,
Nesta época que vivemos onde se travam tremendas lutas,
verdadeiras batalhas pelo mundo afora, sobre diversos focos de ideias e ideais
humanísticos, presenciamos ou pelo menos notamos estar se propondo a volta,
hora para uns, o "criacionismo iluministas" (será que existe?), ou
hora para outros os materialismos exacerbados, o quase parecido na forma, o que
era pretendido pelo antigo iluminismo o grande movimento intelectual surgido na
segunda metade do século XVIII (o chamado "século das luzes") que
enfatizava a razão e a ciência como formas de explicar o universo e o homem.
Presenciamos de fato uma ruptura nas diversas partes do
mundo. Uns propondo a volta aos misticismos da idade média, outros enfatizando
a razão/ciência como força primordial.
Uma questão nasce: Onde fica nestas forças que se
antagonizam o crescimento do HOMEM como ser?
Lógico, por força de ser maçom, tenho instado a pensar
em todos os momentos nestas ocorrências e a causa da acefalia de nossas
participações mais concretas e diretas.
E isto para mim pode estar ocorrendo, salvo a um total
erro de leitura e observação que venho fazendo durante mais de 20 anos, porque
a Maçonaria passou a ser dividida pela participação de três categorias de
maçons:
Os que buscam INSTRUIR-SE COMPREENDER e se COMPROMETER;
os INDIFERENTES e os REFRATÁRIOS.
A Maçonaria sempre se engrandeceu e se enriqueceu nas
cooptações de membros em todas as classes sociais, seja por seus destaques
pessoais, ou em alguns, que já então mestres em diversas atividades, ou noutros
que com dons inatos e latentes, dentro da ordem viriam á se manifestar.
Crescer. Coloco isto, dado a que vemos e vimos constatar que a cada dia mais
ingressam aqueles que serão indiferentes ou refratários pela qualidade de sua
natureza.
Estes últimos, indiferentes e refratários, veem a
FRANCO-MAÇONARIA como um meio de arribar social e materialmente ou tão apenas
ser ajudados. Para estes a Maçonaria é uma sociedade qualquer, mas posso
afirmar, não somos. E afirmo isto com plenas convicções.
Nós temos uma causa, e não é específica ou tão
específica como "algumas super Potências Maçônicas erradas e
presunçosamente dão a conhecer ao mundo profano" que é a de promover
simplesmente "caridades", ficar-se pelas filantropias.
Neste aspecto,
há algumas Potências que se vangloriam, em êxtases, através de seus membros, de
apresentarem balanços anuais financeiros de filantropias tão dignos como o são
os de um Bill Gates da vida, na matéria específica da Beneficência.
Qual o propósito destas ênfases e desta singularização?
Ser um concorrente dos Rotary e Lions, instituição que singularmente se
propuserem a isto?
Diria a aqueles que se prezam a isto, e erram!
A ênfase
maior da Maçonaria é buscar e formar novos homens, seres libertos dos grilhões
de todas as ignorâncias formatadas ao longo dos tempos infantes, com plenas
liberdades de pensamentos, para construção de uma humanidade melhor.
Vai daí não conceber outra posição erradamente
enfática, feitas por muitos maçons, que é a de ser a Maçonaria uma entidade
apolítica. E que disposição disto está exposta em seus rituais
("catecismos"), ou pré-estabelecido em Regras de Constituição ditadas
por Potências e, nem tampouco conceber que para a Maçonaria sejam dados
conceitos de religiosidades "a", "b" ou "c", ou
de quaisquer sintonias com dogmas religiosos, senão uma determinação laica, na
qual foi precedida pela sua Constituição de 1723, a chamada Constituição de
Anderson, ou seja, sem dogmas de quaisquer concepções religiosas.
E ser
apolítica é uma ofensa á natureza humana e a própria natureza da filosofia da
Maçonaria enquanto Especulativa.
Dado o preâmbulo inicial de minhas concepções e de meus
pensamentos inscrevo que estamos a alguns dias da data da criação da Maçonaria
Especulativa, data máxima para todos os maçons.
Quando então numa quinta-feira,
24/06/1717, algumas Lojas em Londres, se reuniram para fundar uma Grande Loja,
data MEMORÁVEL a qualquer maçom e próximo de completarmos 300 anos, faltando
para isto apenas 1 ano do registro inicial do seu "nascimento" como
MAÇONARIA ESPECULATIVA, de atividades mundiais ininterruptas.
Era, uma Maçonaria que surgia para o mundo de forma
DEÍSTA e sobre os domínios numa nação em plena evolução e "lides" com
os iluminismos, que foi, entretanto ao longo dos tempos, e prematuramente,
desconstituída totalmente pela filosofia das coisas da Igreja da Inglaterra,
também conhecida como Igreja Anglicana, ou Pentecostal, e, portanto, tornada
essencialmente religiosa, nos dogmas TEÍSTA.
Hoje a pergunta que me faço é se:
A
MAÇONARIA ACOVARDOU-SE OU SE ACOVARDARAM OS MAÇONS!
Faço a presente questão ensejada não por estar
desgostoso com a Maçonaria, mas altamente ansioso com seus rumos, ou melhor, a
falta deste. Um claro vazio, uns desnortes em tudo, inclusive na sua filosofia.
Nesta história toda que passo a analisar e faço um
pequeno ensaio de épocas e fatos que antecederam ao nascimento da MAÇONARIA
ESPECULATIVA, tanto quanto os contemporâneos tempos, têm como destaque
gente como Theophile Desaguliers, nascido em Aytré, subúrbio de La Rochelle,
França, em 12 de Março de 1683 e falecido em Londres, 29 de Fevereiro de 1744.
Filósofo natural, Calvinista, membro da Royal Society
de Londres, assistente e divulgador de Isaac Newton e toda uma era. Todas estas
referências são para aproximarmos o máximo da filosofia que imperava por aquela
ocasião. Estava no auge o iluminismo, dentre estes podemos considerar o discípulo
de Newton, Jean Theophile Desaguliers.
Sabemos que por aquela época a religião Cristã dominava
literalmente o mundo, e este poder estava "lotado" nos Papas de
Plantão, aos quais monarcas e reinados diversos não só prestavam homenagens,
como submissões, inclusive as políticas. Todavia para analisarmos o contexto do
nascimento da Maçonaria Especulativa teremos que analisar o declínio deste
poder, e tudo começa por Felipe IV, chamado de o Belo, Rei da França, passando
por Henrique VIII, o extremado Rei da Inglaterra.
O Rei Filipe IV, o Belo (1285-1314), foi aquele que
fortaleceu a monarquia, preparou a França para tornar-se o primeiro estado
nacional moderno. E laico!
Cioso das suas prerrogativas como rei e governante,
Filipe entrou em confronto direto com o papa Bonifácio VIII (1294-1303),
rejeitando qualquer intromissão de Roma nos assuntos internos da França,
especialmente nas áreas econômica e judicial, onde prevaleciam os mandos e
desmandos dos papados. Já por esta época é de se notar se exercitava o estado
laico.
O papa altamente incomodado revidou com duas Bulas
papais, AUSCULTA FILI (05 de dezembro de 1301) de caráter paternalista,
mas proclamando a superioridade do espiritual sobre o temporal e apelando a Filipe
IV para desfazer de seus atos, comparecendo perante o Conselho de Roma.
Lógico, o Rei francês Felipe, não tomou conhecimento de seus pedidos, quando então
formulou, após quase um ano de discórdia e desencontros, após completas
desconsiderações do Rei francês, a segunda Bula denominada UNAM SANCTAM (18 de
novembro 1302), reafirmando nesta de formas mais extremadas a supremacia real e
espiritual papal, quanto à superioridade do poder espiritual sobre o poder
político. Inclusive reafirmando textualmente:
“Além disso, nós declaramos,
proclamamos, definimos que é absolutamente necessário para a salvação que toda
criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano”.
Para muitos historiadores e analistas estas mensagens
foi considerada o "canto do cisne do papado medieval".
Sobre as Bulas Papais, faço a primeira digressão no
contexto destes textos:
Bulla Papal vem de sua autenticação dada na verdade a
época, por uma "Bolha de Chumbo", onde era premido o selo papal, vide
imagem ao abaixo:
Selo Papal de Chumbo denominado Bulla. |
Retornando ao tema... Lógico, o papa em questão como
retaliação as ações de Felipe, que afora não concordar com quaisquer supremacias
papais, ou da Igreja Católica como um todo, já vinha de impor impostos aos
clérigos e as Igrejas, como a limitação quase a zero, de qualquer remessa de divisas
em francos para o papado.
Por conta destes atos, Filipe IV e seu ministro
Guillaume de Nogaret foram excomungados. Então para responder a repreensão e
excomunhão feita pelo papa Bonifácio VII, mandou Felipe IV suas tropas à
Itália, e fez este preso.
Esta ocorrência se deu em 7 de setembro de 1303. Este
veio há falecer um mês após ser libertado, em 11 de outubro de 1303.
Relevante se fez notar, após este fato, um período de
acentuado declínio e descrédito para a Igreja quando então o papa francês
Clemente V (1305/14), ascendido ao papado e protegido de Felipe IV, transferiu
a Cúria Romana para Avinhão, no sul da França, dando início ao chamado
"cativeiro babilônico da Igreja católica" (1309-1377).
A situação agravou-se ainda mais durante o Grande Cisma
onde por 40 anos houve papas rivais, um em Roma e outro em Avinhão (1378-1417),
ouvindo-se em toda a Europa um clamor por "reformas na cabeça e nos
membros".
Dentre inúmeros aspectos negativos trazidos do final da
Idade Média, para analisar e temporizar com aqueles tempos, foi o crescente uso
da força contra os dissidentes religiosos por conta da Igreja Católica
Apostólica. Exemplo disto foi no século XI.
Havia surgido no sul da França à seita dos Cátaros ou
Albigenses (naturais da cidade Albi na região dos médios Pirineus da França), seita
que praticava um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta, que se
manifestava em um extremo ascetismo que era uma moral filosófica baseada no
desprezo do corpo e das sensações corporais – mortificações corporais – e que
tendia a assegurar, pelos sofrimentos físicos, o triunfo do espírito sobre os
instintos e as paixões.
Condenados pelo IV CONCÍLIO DE LATRÃO em 1215
(Inocêncio III), os Cátaros, foram praticamente aniquilados por uma cruzada,
comandadas pelas hordas dos brutais Templários, dirigentes a soldos dos papas,
que eram os braços armados dos Papas de plantão a época, movidas pelas ações já
inquisidora, cuja inquisição efetiva seria oficializada em 1233, pela Bula
Papal: AD CAPIENDOS LICET de Gregório IX.
Outro grupo reprimido e quase aniquilado foram os Valdenses
(relativo ao cantão de Vaud, Suíça), surgidos em Lião no século X. Condenados
pelo CONCÍLIO
DE VERONA em 1184, eles foram perseguidos, e também quase aniquilados
pelos sucessivos ataques havidos, e mais tarde abraçaram a Reforma Protestante.
Quanto às Igrejas, como atuaram nestas convulsões e
perseguições religiosas históricas de antanho?
A Igreja Anglicana (estatal), nascida
durante a Monarquia de Henrique VIII, para seus interesses,
e que repercutirei mais a frente versus a Maçonaria, de muito respeitável,
tornara-se apenas, um pilar do aparelho de Estado, e que fomentou o emergente
crescimento de Igrejas protestantes dissidentes.
Quanto à Igreja Católica Apostólica Romana,
esta desprendeu um esforço considerável desde o Concílio de Trento, impondo um
debate teológico sério sobre o problema da fé, da graça e das obras, para
renovar a liturgia, impulsionando a instrução do clero nos seminários. Tentou
coibir as "extravagâncias"
do clero como o concubinato, muito pouco eficaz, diga-se, até os dias de hoje,
com o fito não só de renovação, como para o poder.
Este vácuo de força, na perda dos poderes da Igreja
Católica, os papais, resultou numa notável floração de místicos
espanhóis: como Juan de La Cruz, Santa Tereza d'Ávila e
principalmente Inácio de Loyola, que fundou um "exército de clérigos apostólico",
a denominada Companhia de Jesus. Cheia de muitos poderes, e que veio a
associar-se de vários reinados na península ibérica.
Porém, no conjunto, a Igreja Católica Apostólica
Romana entrara em defensiva.
Nas penínsulas Ibéricas e Italianas, a Inquisição
ganhava força, enquanto na França, o soberano tratava os conflitos religiosos
como questões de Estado.
O Jansenismo (Doutrina de Cornélio Jansen, bispo de Ipres, sobre a
graça e a predestinação) e Port-Royal foram eliminados. Esta doutrina
jansenista condenado pela Bula AD SACRAM subscrita pelo
Alexandre VII, baseava-se numa leitura crítica da teologia de S. Agostinho e
nas propostas do teólogo Miguel Bayo, e apresentava um nítido parentesco com as
doutrinas agostinianas que deram origem à Reforma Protestante, sobretudo nas
doutrinas calvinistas, sobre a graça, a natureza humana e a predestinação.
O ponto central e essencial desta doutrina é uma
antropologia pessimista, que vê no pecado original a corrupção da natureza
humana, doravante incapaz de qualquer obra boa e fatalmente inclinada para o
mal.
Aliás, Alexandre VII em suas atitudes de altas
e baixas, teve várias consequências para a história. No plano político, teve um
sério conflito com o rei Luís XIV, da França, após um insulto da guarda corsa
ao embaixador francês em Roma. O monarca da França ocupou o condado veneziano
de Avinhão e ameaçou invadir os estados pontifícios. Isso fez com que o papa
acabasse por assinar o humilhante Tratado de Pisa, em 1664. Por outro lado, foi
ele quem terminou as Obras da Praça São Pedro, com a colunata de Gian Lorenzo
Bernini e suas duas fontes.
Outras eliminações iam acontecendo...
O Édito de Nantes foi revogado e a disputa pela Regalia
(o domínio sobre tributos eclesiásticos) terminou com avanços da monarquia,
apoiada pelo Arcebispo Bossuet.
Ele, que se preocupou com as repercussões do
opúsculo de Madame de Guion, "meio curto e fácil para a oração"
representativo do QUIETISMO, um sistema místico de alguns teólogos, condenado
pela Igreja Católica, que defende a inutilidade do esforço humano para a
salvação e para a santificação e segundo essa doutrina, a pessoa deve
conservar-se em estado de absoluta passividade contemplativa, indiferente a tudo,
um estilo de oração e de vida que aproximava o fiel de Deus.
Era uma mística
bastante devocional, mas nem isso o catolicismo podia tolerar.
Mas, no final da
vida, Bossuet estava bastante alarmado com a indiferença religiosa,
referindo-se a ela como "a loucura do século" (1701).
Já então começa o iluminismo.
O Criticismo (Sistema filosófico de Kant, que
procura determinar os limites da razão humana; racionalismo crítico)
e o Ceticismo
faziam progressos.
Descartes, ainda pensava
poder provar a existência de Deus e produziu textos com este objetivo. Anos
depois, Pascal, matemático brilhante, idealizador de uma máquina de calcular e
do barômetro, pensava exatamente o contrário; Deus era uma aposta, nenhum
raciocínio garantia sua existência.
De 1680 a 1700, apareceu uma série de obras críticas
Ricardo Simon, oratoriano francês, publicou a "História Crítica do Antigo
Testamento", em 1678 e outra sobre o Novo Testamento, em 1689. Ele
comparou as versões da Bíblia nas diferentes línguas. Mostrou a impossibilidade
de ser Moisés o único autor do Pentateuco, uma vez que descreve a própria morte
no Deuteronômio. Bossuet obteve a condenação da obra e a exclusão de Simon do
Oratório.
Outro pensador, John Toland (um dos
participantes na formatação da Constituição Maçônica de 1723, deísta) lançou
"Christianity not misterious" em 1696, afirmando que o mistério
levava a tirania e superstição.
rês anos depois Gottfried Arnold publicou a
"História das Igrejas" desde o início do Novo Testamento até 1688.
Depois, seguiram-se Moshein, Walch, Noris e outros, mostrando que os dogmas
eram produtos de decisões conciliares (relativo a concílios) e não estavam nos Cânones
bíblicos.
Mais adiante, Hermann Samuel Reimarus
mostraria "que Jesus tentou encontrar o estado divino e quando sua missão
messiânica fracassara, morrera em desespero". Citando até a frase bem
temática em aramaico: Eli, Eli, lamma sabacthani...
"Meu Deus, meu Deus,
por que me abandonaste?"...
Notemos, que no séc. XVII, o termo "ateu"
servia para designar uma crença religiosa desviante ou herética. Ninguém
pensava em apresentar-se como ateu.
Mas, em 1682 nos "Pensamentos sobre o
Cometa", Pierre Bayle, ex-calvinista, que desempenhou um importante papel
intelectual, refletia: "Uma sociedade de ateus praticaria as
ações civis e morais, da mesma maneira como as praticam as outras
sociedades".
Nada mais do que plural.
Isto foi forte para a época, pois até mesmo Voltaire e
outros iluministas, pensavam que a religião era necessária para manter a "canalha"
(povão) na obediência e na moralidade.
E com certeza estava certo, pois 161 anos depois Karl
Max diria: “que a religião é o ópio do povo”. Que muito dizem ter sido dito
por Stalin, erradamente.
Como mais elementar citaria, para que não pareça um
desvio de sentidos dos textos, que o tempo da crise de consciência, tornou-se
tanto mais perigoso para a Igreja e a Religião, porque não surgiram dos
ambientes religiosos, mas de pensadores de valor e sábios originais.
Haja vista, ser a arma tradicional da Igreja o anátema:
"a ordem do silêncio". Melhor diria: Do "emburrecimento"!
Logo após a morte de Luís XIV (1715), que era
o protótipo do conceito de Absolutismos, circularam aos milhares, libelos,
panfletos,
jornais
e estampas.
E nos clubes e cafés amplificaram as novas ideias.
Foi neste clima intelectual que começou a surgir a Loja
Maçônica Londrina.
Antes, porém, gostaria de considerar, a questão da Igreja
Anglicana, que sempre teve e continua tendo até os dias de hoje, o domínio de
toda estrutura superior da Maçonaria britânica.
Ela (Igreja) não foi resultante
de uma reforma religiosa como foi o Protestantismo, ela foi consequência
de um interesse menor de um governante concubinário, e bígamo, o Rei Henrique
VIII.
Há por parte dos historiadores o fato de que havendo se
casado secretamente com a amásia Ana Bolena, já grávida, manda em
1533, o rei, coroá-la como Rainha, ainda casado com Catarina de Aragão,
tornando-se afora concubinário, bígamo.
Thomas Cranmer a quem o Papa nomeara chanceler de
Canterbury, oportunistamente, pronuncia-se a favor do divórcio do Rei.
Em 1535, Henrique VIII já excomungado pelo papa
Clemente VII, com o "Act of Supremacy" (ainda vigente até os dias de
hoje) ficou estabelecido que o Rei fosse o chefe ÚNICO e SUPREMO
da IGREJA
DA INGLATERRA, então criada. Aos moldes da Igreja Católica, tornou-se
ele o Papa da Igreja Anglicana. Título que cabe hoje a Rainha Elizabeth II.
Nascia aí à Igreja Anglicana mantendo os mesmos
dogmas da Igreja Católica, que eram atacados pelo protestantismo, como o celibato
eclesiástico, a transubstanciação (transformação da
substância do pão e do vinho, durante a consagração da missa, na substância do
corpo e sangue de Jesus Cristo), a validade dos votos de castidade e as
missas
privadas.
Verdades históricas (sem se meter em religião)...
Nesta segunda digressão que era quem:
Henrique VIII – Bígamo é excomungado...
Nascido em Greenwich, 1491 - morreu em Westminster,
1547.
Rei da Inglaterra. Casou-se com Catarina de Aragão,
filha dos Reis Católicos. Em 1509, com 18 anos, acende ao poder, que exerce com
a ajuda do seu conselheiro, o cardeal Wolsey.
No início favorece a política de
Carlos V contra a França, mas depois da Batalha de Pavia (1525) alia-se a
Francisco I. Em 1527 coloca-se a possibilidade de romper com o papado e com a Igreja
Católica.
Os problemas começam quando pretende divorciar-se de
Catarina de Aragão, sua esposa legal e primeira, ao que se opõe o papa Clemente
VII, nascido Giulio di Giuliano de Médici (filho bastardo de Giuliano de
Médici). A negativa provoca a queda do Cardeal Thomas Wolsey (lorde-chanceler
de Henrique VIII, que o ajudara como conselheiro) e o acesso ao poder de Thomas
Cromwell, que lhe sugere a possibilidade de se converter no chefe de uma
Igreja, a qual seria Igreja da Inglaterra.
Thomas Cranmer...
Excomungado pelo Papa, ele foi um dos primeiros
mártires anglicanos, tendo sido queimado em 1556 por heresia pela Igreja
católica romana, através da filha de Henrique VIII (Maria I filha de Catarina
de Aragão).
Foi o primeiro arcebispo protestante de Canterbury
nascido Aslockton, Nottinghamshire, 2 de julho de 1489 - Oxford, 21 de março de
1556 - Inglaterra, tido como o fundador intelectual e, em parte, espiritual da Igreja
Anglicana.
Depois de estudar no Jesus College, em Cambridge,
casou-se, mas logo enviuvou e, então, entrou para a Igreja e dedicou-se ao
estudo, tornando-se um notável participante dos debates suscitados pela revolta
de Lutero. Foi enviado à Alemanha como embaixador na corte de Carlos V (1532),
e lá conheceu Margaret Osiander, com quem se casou, apesar das ordens
sacerdotais.
Tornou-se arcebispo de Canterbury (1533) e em
cooperação com Oliver Cromwell, promoveu a publicação de uma Bíblia em inglês.
Com a ascensão de Eduardo VI (1547), empenhou-se em transformar a Igreja da
Inglaterra em protestante, mas a rainha católica Maria I (filha de Henrique
VIII com Catarina de Aragão), ao assumir o poder, destituiu-o do posto e, por
sua ordem, foi preso, condenado e queimado na fogueira, em Oxford.
Historicamente seu episódio mais conhecido foi o fato
de Henrique VIII, que queria divorciar-se de Catarina de Aragão para desposar
Ana Bolena, ter sido ele, o encarregado de fundamentar teologicamente o
divórcio, defendê-lo em Oxford e Cambridge, e junto ao papa. Traidor do Papado
e oportunista ele via a possibilidade de ser chefe da Igreja, chefia não
conseguida, usurpada pelo Rei através do "Act of Supremacy".
Como Arcebispo de Canterbury, foi favorável a estes
planos, aceita o divórcio do rei, contrariamente as diretrizes de Roma, que de
seguida se casa com Ana Bolena (que era dama de companhia de Catarina de Aragão
e amásia do Rei, já então grávida).
Em 1535, o Parlamento vota uma lei que confirma Henrique
VIII como chefe da nova Igreja Anglicana (até os dias de hoje, salvo engano,
não foi suprimida esta lei), independente de Roma. Nesta separação há o
confisco (entenda-se subtração a força - roubo) dos mosteiros e demais bens eclesiásticos
católicos, que passam para as mãos da aristocracia.
Thomas Cromwell...
Foi artífice da Reforma Anglicana Morreu decapitado (e
excomungado). Quem o mandou decapitar, adivinhem?
Ana Bolena...
Causadora de todo imbróglio de Henrique com a Igreja
Católica, como amante e depois esposa, era dama de companhia da primeira esposa
de Henrique VIII, Catarina de Aragão. Terminou sendo morta decapitada por ordem
de Henrique que a acusou de traição.
Surgia, voltando ao tema, a MAÇONARIA INGLESA (1717),
que é um caso atípico a todas as maçonarias. Atipicidades que a frente irá
paulatinamente sendo explicados.
Ela, diferentemente de todas as outras POTÊNCIAS
MAÇÔNICAS pelo mundo, é comandada e gerida "ad perpetum" por
descendentes da família real, não havendo eleição para o Grão Mestrado, daí não
se poder conjecturar em concordâncias com este exemplo tipicamente inglês.
Desconheço outras monarquias que detenha o cargo de Grão-Mestre da Maçonaria,
"ad perpetum", como só ocorre na Inglaterra.
Ou religião que tenha
como chefe supremo um Rei. Perdoem-me...
Propositadamente escrevi não haver uma religião que
tenha um Rei como Chefe, tem sim, a Igreja Anglicana, cuja chefa atual é a
Rainha Elizabeth.
Fazendo uma analogia, que veremos a frente ser
concebida, a de se convir que no reinado Inglês quem estar sentado no trono não
governa, tampouco pode errar, se para isto nem o primeiro ministro indica.
Todavia, tal como no Act of Supremacy de Henrique VIII membros da Casa Real,
passaram a ter o direito ad perpetum de comandar a Igreja da Inglaterra, também conhecida, ou mais conhecida, como Igreja Anglicana, e por
consequências naturais a tudo isto a Maçonaria. Esta forma de ser afetaria o futuro da Ordem
Especulativa.
Outras grandes mudanças havidas no catecismo (ritual)
da Maçonaria Inglesa (Rito de York) foram feito à ótica e supervisão, da
estrutura maior da Maçonaria Inglesa, mormente aos tempos de 1813, quando os
maçons antigos ligados mais profundamente ás coisas religiosas, a comando de
membros Anglicanos que eram também maçônicos, começavam a mandar nos
destinos das coisas maçônicas londrinas. Inclusive na sua estrutura ritualística.
Isto ao tempo que o poder Papal e a Igreja Católica
Romana declinavam em seu poder nascia o ápice do esoterismo, da política e
livre pensamento (1717 - 1789).
Para outros melhores entendimentos, devemos relembrar
os fatos e elementos da Maçonaria dita operativa, como as Guildas Medievais
(associações de mutualidades - mutualismos - formadas na Idade Média entre as
corporações de operários, negociantes ou artistas), que praticavam suas
iniciações e tinham seus mistérios, e como vimos pouco atrás, podiam e
incomodavam a Igreja e o Clero. A qual sem dúvida interveio a assimilar ou
somatizar que os grupos secretos de trabalhadores, faziam práticas de bruxarias,
o que gerou o decreto da Sorbonne, 1655, proclamando que todos aqueles que se
associam com "más companhias" eram "sacrílego e culpado de
pecado mortal".
Os pedreiros/construtores dentro deste mutualismo tinham
também seus mistérios. Teriam eles dado origem a uma organização maior chamada
Maçonaria?
É possível serem plausíveis tais conjecturas, haja
vista, que as Igrejas e catedrais medievais apresentavam nas suas arquiteturas
muitos simbolismos, como uso de símbolos astrológicos, apreensões com a
cosmologia, materiais folcloristas e lendário em várias esculturas, dando a
entender claramente um esoterismo. Mas se isto houve, a Maçonaria então
operativa protegeu muito bem os seus segredos, pois não se encontram documentos
que apontem menção à organização. Mesmo no seu mutualismo é de supor que fosse
estritamente corporativa, só aceitando membros que fossem
pedreiros/construtores.
Há, contudo, na história a existências de papéis
póstumos de Elias Ashmole, dando conta de uma anotação sobre o ingresso do
autor numa Loja maçônica em Warrington, em 1646. Outro documento indicava algo
anterior, onde Robert Moray fora admitido em uma Loja, em 20 de maio de 1641.
Elias Ashmole e Sir Robert Moray tinham algo em comum
além da possiblidade de filosofias maçônicas, eles foram sócios fundadores da
Sociedade Real. Num panfleto de 1676, podia-se ler que os Maçons consagrados
jantariam em companhia de Adeptos Herméticos e de membros da Antiga
Fraternidade da Rosa-Cruz, num clube WHIG de Londres. Este é um fato que daria
nascimento anterior à Maçonaria.
Todas estas conjecturas á mim, contudo, não trazem
quaisquer realidades da existência de Maçonarias. Como embrião sim... Maçonaria
no amplo do termo nunca.
Foi á fundação de um núcleo como Grande Loja Maçônica
em 1717, por James Anderson e outros, uma ruptura com as tais tradições operativas. Quem defende
esta tese é Robert Ambelain, historiador e franco-maçom muito graduado, sobre o
qual Eu corroboro, pois mesmo diante de tudo que se mostrava a Maçonaria
Londrina tomaria rumos e ritmos dogmáticos completamente diferentes dos
ambientes embrionários.
James Anderson, ministro escocês
presbiteriano, não era maçom quando ajudou a fundar a Grande loja londrina e,
portanto, não tinha direito de iniciar ninguém. Em 1714, Anderson, já em
Londres, mantinha reuniões com: George Payne, James Stuart, Jean Désaguliers, John Browne (o Duque de Montagu), John
Entick, John Toland.
Uma digressão graciosa á se observar!
Vejam quanto Joãos foram partícipes na Construção
básica da Maçonaria. Se considerarmos Jean, que seria João o equivalente a João
em português, e John idem, teremos 04 Joãos, tanto quanto, tomaram como patrono
(padroeiro) da Maçonaria São João. Abaixo os quatros Joãos...
Os Joãos: Jean Désaguliers, John Browne (o Duque de Montagu),
John Entick, John Toland.
Alguns maçons tiveram notícia destas reuniões e tentaram
barrar os passos de Anderson. Até o arquiteto Christopher Wren viu-se envolvido
na disputa. Entretanto Jean Theophile Desaguliers tinha um vasto trânsito. Era
Desaguliers francês e protestante, que havia fugido para Londres, cursou
Oxford, ingressou na Sociedade Real, na Loja L'ANTIQUITY em 1712 e, na Igreja
Anglicana, foi capelão do príncipe de Gales. O rei George II seguia seus cursos
e na Holanda sua audiência contava com Huygens e Boerhaave.
Hayyim Samuel Jacob Falk |
James Anderson e
Desaguliers tiveram a orientação espiritual e intelectual de Hayyim Samuel
Jacob Falk, conhecido como Falk-Schek, com reputação de grande mago judaico.
Além de não "ser maçom aceito", Anderson
teria alterado algumas regras das antigas observâncias e introduzido o que
poderíamos chamar de suspeito ritual da morte de Hiram.
Ambelain dedica três capítulos de seu livro para
mostrar que este antigo mito era luciferino. Coisas da época. Este autor juntou
muitos fragmentos de lendas do Oriente médio e norte da África para argumentar
sua tese. O ponto central da defesa parte da observação de que nos textos
bíblicos (Crônicas e Reis), Hiram não é um arquiteto, mas um ferreiro, que tem
uma mitologia e uma ascendência maldita: Caim. De fato, o estudo de Eliade
mostra como o mistério que cerca as operações dos ferreiros, com o fogo, gerou
uma vasta mitologia ao redor do mundo.
Nesta tese de Ambelain, e outras de muitos autores e
historiadores maçônicos, não faço coro, pois a Lenda de Hiram nada mais é do
que uma consagração de uma temática para o esboço de ensinamentos esotéricos. É
uma quadratura de toda a simbologia maçônica. Como são todas as simbologias...
Elas se montam para uma narrativa de uma ideia, providas de metáforas, enfim
aforismos reflexivos.
Por que esta mudança de operativa para especulativa teria
ocorrido no início do séc. XVIII?
Na explicação de Ambelain: "Assim, por uma lenta
evolução, as lojas operativas foram pouco a pouco se transformando em sociedade
de pensamentos, e as cerimônias de iniciação transferiram seu simbolismo do
plano material para o plano intelectual".
Penso pela forma... Foi assim no século XVIII, com o
ceticismo de bom-tom, a zombaria espiritual, o materialismo grassando nos
salões e tabernas que ganhou os meio maçônicos. Pois o esoterismo abrigado no
seio da Ordem não podia caminhar lado a lado com uma Maçonaria nascida de uma
sociedade "superficial e fútil".
Fosse como fosse, a Maçonaria Especulativa de Anderson
teve uma expansão espetacular.
Eram 63 lojas em 1723 e 126 em 1733. A grande
Loja da Irlanda foi fundada em 1725 e a da Escócia em 1736. A partir da década
de 1730, as Índias Britânicas, Antilhas e colônias americanas tinham lojas, ela
penetrou na França em 1725 (infelizmente pelas mãos de um doidivana maçom
londrino, Philip James Wharton – Duque de Wharton) que mais á frente faço
outros comentários, vindo a surgir depois a Loja do Grande Oriente Francês em
1733, tendo por Grão-Mestre Philippe d'Orléans, o duque de Chartre. Às vésperas
da Revolução Francesa (1789), contavam 600 lojas na França.
Este fenômeno merece um estudo profundo por parte de
historiadores sociais, pois os paradoxos são em abundâncias. Os maçons
sacralizaram uma profissão, no momento em que o capitalismo estava extinguindo
os últimos vestígios de sacralidade no trabalho. Eles dignificaram os
estamentos feudais (modo de ser) nos graus (aprendiz, companheiro e mestre)
quando esta ordem social estava em vias de desintegração. Ela permitiu a convivência
de diferentes classes e de católicos e protestantes, permitiu aos deístas não
engajados em Igrejas uma atmosfera propícia e, aos amantes de belas cerimônias,
um reencontro.
Poderia estar à aristocracia francesa cometendo
suicídio político no séc. XVIII, ao conviver ou dar legitimidade a uma
organização que defendia ideias e ideais liberais e racionalistas? Nada poderia
ser diferente se analisarmos que a França era em sínteses o berço da liberdade,
mesmo com os absolutismos reinantes, fundamentos criados por Felipe, O Belo,
Rei da França, notadamente as coisas das religiões.
A Maçonaria não publicava material no século XVIII. Mas
o que apareceu posteriormente (ritos, adereços, símbolos) nos dá alguma ideia
de suas práticas e crenças: a herança judaico-cristã foi valorizada, um pouco
de Cabala numa "base cristã" e vestígios de hermetismo e alquimia. Um
entrelaçamento constante com doutrinas, ritos e crenças rosa-crucianas.
Nos principados germânicos, os maçons teceram a moderna
lenda sobre os templários, chegando a envolver o rei da Prússia, Frederico
Guilherme II, em uma das organizações. A grande flexibilidade organizacional
permitiu a acomodação de várias tendências ritualísticas. Tanto quanto fez
surgir, muito mais por questões de egos, do que ideologias, uma grande
parafernália de ritos.
Foram para mais de uma centena. Hoje ativo algo como
menos de dez. E por exercícios de participantes três, que são o Rito Escocês
Antigo e Aceito, e os dois Ritos de York, o americano e o inglês.
Mas havia quem se ressentisse de uma espiritualidade
superficial como André Miguel Ramsay, secretário de Fénelon, que pronunciou um
discurso em 1737, na Loja Provincial da Inglaterra, em Paris, da qual era
orador e grande chanceler, que contava a história da ordem e instigava a
constituição de graus superiores.
Martines de Pasqually, nascido em 1728, de pais judeus
convertidos em Grenoble, fundou em 1758, a Ordem dos Cavalheiros Maçons
"Elus Cohens de L'UNIVERSE" e expôs sua doutrina no "Tratado de
Reintegração dos seres", de evidente base judaica. Seu discípulo
Saint-Martin exerceu profunda influência nos meios esotéricos do séc. XIX.
Fundaram-se então os havidos como graus superiores, que
são os acima dos três graus básicos da Maçonaria: Aprendiz, Companheiro e
Mestre.
E por fim, não podemos esquecer-nos de Cagliostro, ou
melhor, Giuseppe Balsama, nascido em Palermo. Teve uma vida movimentada
viajando pelo Egito, Malta, Grécia, Espanha e Inglaterra, onde teria se tornado
maçom em 1777, na Loja da Esperança, em Londres. Depois disso, Cagliostro
transformou-se no grande Copta e foi visto por toda parte na Europa Ocidental,
ensinando, curando e iniciando pessoas no Ritual Egípcio. Tornou-se rico. Na
década de 1780, em Paris, ele se envolveu com o Cardeal Rohan e o caso do colar
de Maria Antonieta.
Ele esteve na Bastilha e foi banido, retirando-se para
Londres, onde escreveu um panfleto, "Carta ao povo francês". Nela,
dizia que não voltaria a Paris antes que a Bastilha fosse demolida e
transformada em passeio público. Depois de ter sido banido em diversas cidades,
ele se dirigiu a Roma em 1789, sendo preso e processado pela Inquisição, que
lançou um livreto difamatório sobre sua vida, morrendo em 1795 nos porões do
Castelo de San Leo.
Intimamente para minha consciência, me pergunto se algo
de anormal, já não estava acontecendo? Seria o começo dos desnortes maçônicos?
Ainda... Como é sabido membros do clero anglicano, bem
como cardeais e bispos católicos, pertenceram a Lojas maçônicas.
Volto no tempo, para representar que já em 1189, o
Concílio de Rouen condenava as Confrarias de Pedreiros. Em 1326, o Concílio de
Avignon renovou a condenação e mencionou o deplorável costume de usar palavras
e signos secretos.
A condenação pelo decreto da Sorbonne 1655, já
mencionado, ampliara o alvo: sapateiros, seleiros, alfaiates e chapeleiros. Em
1738, o papa Clemente XII promulgou uma Bula ameaçando com a excomunhão os
católicos que aderissem à maçonaria. Dois eram os motivos: a organização
franqueara as portas a todas as religiões e o juramento do segredo. Consta o
fato que o papa morreu dois anos depois, o que aumentou a curiosidade popular
sobre a organização.
Aqui abro uma terceira digressão para questões dos
juramentos:
Era como sentido claro, que para ICAR - IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA
ROMANA, a questão de segredos e juramentos não era condizente a uma boa
ação, contudo, e relembrando o ditado popular, ela agia na forma; FAÇA
O QUE MANDO, MAS NÃO FAÇA O QUE FAÇO.
Senão vejamos suas incongruências, para aplicar
melhores palavras... Em 18 de maio de 1751, para se fazer, mais efetivamente
compreendido das proibições, o papa de plantão
no Vaticano, Bento XIV, enumerou seis razões básicas para as ditas e
consagradas medidas ou seriam sagradas condenatórias:
A primeira: É
que, nas tais sociedades e assembleias secretas, estão filiados indistintamente
homens de todos os credos; daí ser evidente a resultante de um grande perigo para
a pureza da religião católica;
A segunda: É
a obrigação estrita do segredo indevassável, pelo qual se oculta tudo que se
passa nas assembleias secretas;
A terceira: É
o juramento pelo qual se comprometem a guardar inviolável segredo, como se
fosse permitido a qualquer um apoiar-se numa promessa ou juramento com o fato
de furtar-se a prestar declarações ao legítimo poder... ; (friso: contra o
poder da ICAR);
A quarta: É
que tais sociedades são reconhecidamente contrárias às sanções civis e
canônicas...; (friso: contra o poder da ICAR);
A quinta: É
que em muitos países as ditas sociedades e agremiações foram proscritas e
eliminadas por leis de princípio seculares;
A sexta: É
que tais sociedades e agremiações não são formadas por homens prudentes e honestos.
Mais do que isso, só dois "issos"!
Entretanto, ela pode produzir e exercitar todos estes
"issos", como se pode ver e depreender no Código de Direito Canônico
da ICAR. O que não falta são punições para quem, da ordem eclesiástica não
guardar segredos, ou mesmo de fiés que não os guardar. A base de juramentos.
Tem até possibilidade de casamentos ficarem em segredos.
Vejamos algumas pérolas sobre segredos, dentre
centenas, codificados:
Cânones. 471 -
Todos os que são admitidos aos ofícios na cúria devem:
1º - fazer a
promessa de cumprir com fidelidade o ofício, segundo o modo determinado pelo
direito ou pelo Bispo;
2º - guardar
segredo dentro dos limites e segundo o modo determinado pelo direito ou pelo
Bispo.
Ou seja: Eles podem
guardar segredos e exigir juramentos, outras associações e com certeza à
maçonaria não! Estão de brincadeiras... Não!
Cânones. 489 -
§ 1º - Haja na Cúria diocesana outro arquivo secreto, ou pelos menos no arquivo
comum um armário ou cofre absolutamente fechado à chave, que não possa ser
removido do lugar, onde se guardem com o maior cuidado os documentos que devem
ser conservados sob segredo.
§ 2º - Destruam-se
todos os anos os documentos de causas criminais em matéria de costumes, cujos
réus tiverem morrido ou que tenham terminado com sentença condenatória há dez
anos,
Cânones. 1131 -
A permissão de celebrar secretamente o matrimônio importa que:
1º - se façam
secretamente as investigações pré-matrimoniais;
2º - o Ordinário do
lugar, o assistente, as testemunhas e os cônjuges guardem segredo acerca da
celebração do matrimônio.
Cânones. 1133 -
Inscreva-se o matrimônio celebrado secretamente só no livro especial que se
deve guardar no arquivo secreto da cúria.
O pior deles é não guardar o segredo do que é havido
por confissão. Nem debaixo de pau, sob torturas o "cara" deve expor,
senão é excomunhão na certa. Ou seja:
Para esta turma o que ocorre dentro de seus templos
podem e devem ficar em segredos, nos templos dos outros é complô contra a
ordem.
Seguindo... Na Inglaterra, depois do Ato de Tolerância
Religiosa (1689), os filósofos prosseguiram suas investigações sob o
confortável guarda-chuva do deísmo.
Deísmo: Sistema dos que creem em Deus, mas rejeitam
a revelação.
Afirma-se com certa nota de antagonismo maçônico, que
Adam Smith, em "A riqueza das Nações", louvou o interesse esclarecido
(egoísmo), enquanto prestava homenagens ao Supremo Arquiteto, sem perceber
claramente que o mandamento cristão - amai-vos uns aos outros - transformava-se
em "comprai-vos uns aos outros". (John Milbank - Teologia e Teoria
Social).
Já na França, o processo foi bem diferente. Devido ao
peso da Igreja na formação social, os filósofos não tiveram outras alternativas
senão atacar a "Igreja infame e as superstições". Disso disseram
alguns, que o vago deísmo de Voltaire transformou-se no franco ateísmo de
Holbach, La Mettrie e Helvétius.
Mas, voltemos para a data de 07/02/1717 quando Jean
Theophile Desaguliers reúne quatro lojas metropolitanas para discutir a
estrutura maçônica (Inglaterra) e que faria nascer a GRANDE LOJA DE LONDRES,
depois GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA.
Juntamente com Anderson, Jean Theophile Desaguliers,
que fugira da França após a quebra do Edito de Nantes, começara a tecer os
ditames da unificação das diversas Lojas Maçônicas, nascendo todos os
atributos, que particularmente denomino como os "dogmas religiosos"
impostos então pelas ascendências Anglicanas existentes.
Tornara-se a Maçonaria que poderia ser Universal, a ser
Londrina e de forma Teísta, apesar do deísmo de John Toland, que só veria a
mudar para o mundo com o cisma Francês havido em 1755, que afora não mais aceitar
este teísmo, também se insurgia contra o mando ditatorial Britânico de tal
forma a vir a criar o GRANDE ORIENTE DE FRANÇA.
Teísmo: Sistema de crenças na existência de Deus e em
sua ação providencial no Universo, advindas de REVELAÇÕES!
Corria o, todavia, com já me referendei o pensamento
Francês do que podemos chamar de "laicismo" contemporâneo
(rejeição do clericalismo, isto é, da influência do clero na vida pública fora
do âmbito da Igreja; secularismo anticlerical), hoje tão reverberado em todas
as nações. Confrontando com tudo isto, vejo que não somente a Maçonaria de
hoje, não se deixou levar por este laicismo, ipsis litteris, como deveria ser.
Como também se posicionou apolítica, para não ferir
sensibilidades de um reinado absolutista, o inglês da época e outros, e obvio
de sua subalterna ação de comandos estarem por parte de agentes da casa real
inglesa, o que para mim, afora ser um erro fundamental não condiz com as
necessidades do aperfeiçoamento do homem e da humanidade, pois não podemos
deixar de considerar que nós como "homo sapiens" somos de natureza
política.
Para tanto, isto se provou... Convém lembrarmos que
desde o primeiro momento que este homem sapiens ou quase, se sentou ao redor de
uma fogueira, para traçar os destinos de seu povo (tribo), quer seja para viver
sob um líder ou no pensar da forma de como seria o caçar do amanhã, para então
obter seus alimentos, fazia atos ostensivamente políticos.
Volto a relembrar que as ingerências da Igreja
Anglicana já são bem notórias por ocasião da "fundação" da Maçonaria
Especulativa desde os primórdios de 24.06.1717, e que ingerências maiores
veriam acontecer quase que descaracterizando a Maçonaria no seu âmago.
Nesta época os mentores maiores eram todos Anglicanos,
por exemplo: Rev. James Anderson, George Payne, Jean Theophile Desaguliers
(este poderíamos chamar o pai da Maçonaria Especulativa) e por fim Anthony
Sayer (primeiro Grão-Mestre eleito – de fato foi aclamado – ademais na
maçonaria inglesa a posteriores foram pouco os eleitos). Não há por se discutir
ter as fortes influências religiosas dadas aos mentores.
Esta influência como veremos a frente nestas
dissertações tornou-se evidente em mudanças feitas nos Regulamentos de Payne
(1720), na Constituição de Anderson de 1723 que eram os básicos Regulamentos e
Constituição da Maçonaria Inglesa.
Vemos já na mudança da antiga Constituição muitos dos
pontos que eram basicamente deístas, tornarem-se pela Constituição de 1815,
reformada, pontos básicos teísta e dogmáticos cristãos. Por outra, onde era
chamada a atenção de que todos os membros da Maçonaria, tanto para os maiores
cargos de Loja, quanto para os dos Grãos Mestrados, inclusive Grão-Mestre,
deveriam passar obrigatoriamente por uma eleição e os candidatos já terem sido
Veneráreis de suas Lojas, nesta terceira reformulação, põe isto a
desconhecimento.
Foram então os estatutos havidos como limites e regras,
simplesmente desconsiderado e retirado do texto da anterior Constituição, tudo
para sagrar a Monarquia e aristocracia monárquica existente, os fiés donos da
Maçonaria para todo o sempre. Refiro-me para aqueles que são maçons, o Trono de
Salomão!
Passa-se então por cima destas exigências
estabelecidas, e já sob fortes influências e domínios de uma nobiliarquia
inglesa e monárquica, a promoverem através de um Conselho Nobiliárquico a
eleição dos cargos do Grão Mestrado Inglês.
Façamos um pequeno hiato histórico sobre as coisas da Igreja
Anglicana versus Maçonaria, e passemos para as influências da Casa Real Inglesa
sobre a Maçonaria Britânica.
Vamos aqui recordar a cronologia dos primeiros Grãos
Mestres Ingleses, e sucessões até os dias de hoje, chamando a atenção que somente
os primeiros quatro Grão-Mestres não foram membros da casa real inglesa:
1. 1717 -
Pastor Anthony Sayer
2. 1718 -
Pastor George Payne
3. 1719 -
Pastor Jean Theophile Desaguliers
4. 1720 - Pastor George Payne
5. 1721 - 2º Duque de Montagu - John Browne (1º Membro da Realeza Inglesa a ocupar o cargo de Grão-Mestre
da Grande Loja de Londres).
6. 1722 - 1º Duque de Wharton - Philip James
Wharton - (Idade 24 anos) - 6º Grão-Mestre da
Grande Loja de Londres, é tido também como o 1º Grão-Mestre da Maçonaria Francesa.
7. 1723 - 2º Duque de Buccleuch - Francis Scott.
8. 1724 - 2º Duque de Richmond - Charles
Lennox (Idade 23 anos).
9. 1725 - 7º Conde de Abercorn - James Hamilton.
10. 1726 - 4º Conde de Inchiquin - William O’Brien.
11. 1727 - 3º Barão Coleranie - Henry Hare.
12. 1728 - 4º
Barão Kingston - James King.
13. 1730 - 8º Duque de Norfolk - Thomas Howard
14. 1731 - 1º Conde de Leicester - Thomas Coke.
15. 1732 - 6º Visconde de Montagu - Anthony
Browne.
16. 1733 - 7º
Conde de Strathmore - James Lyon
17. 1734 - 20º
Conde Crawford - John Lindsay
18. 1735 - 2º
Visconde Weymouth - Thomas Thynne (Idade 25 anos).
19. 1736 - 4º
Conde Loudoun - John Campbell
20. 1737 - 2º
Conde Darnley - Edward Bligh
21. 1738 - 2º Duque de Chandos - Henry Brydges.
22. 1739 - 2º
Barão Raymond - Robert Raymond.
23. 1740 - 3º
Conde de Kintore - John Keith
24. 1741 - 14º Conde de Morton - James Douglas.
25. 1742/1744
- 1º Visconde Dudley e Ward - John Ward.
26. 1745/1747-
6º Lorde Cranston - James Cranstoun.
27. 1747/1752
- 5º Barão Byron - William Byron (Idade 25 anos).
28. 1752/1753
- 1º Barão Carysfort - John Proby.
29. 1754/1757 - 3º Duque de Chandos - James
Brydges (Idade 23 anos) (Filho do Grão-Mestre Henry Brydges - 21º).
30. 1757/1762 - 15º Barão de Morton - Sholto
Charles Douglas (Idade 23 anos) (Filho do Grão-Mestre James - 24º).
31. 1762/1764
- 5º Barão Ferrers - Washington Shirley.
32. 1764/1767
- 9º Barão Blaney - Cadwallader Blayney.
33. 1767/1772 - 5º Duque de Beaufort - Henry
Somerset (Idade 23 anos).
34. 1772/1777 - 9º Barão Petre - Robert Edward
Petre.
35. 1777/1782 - 4º Duque de Manchester - George
Browne (?) Não consegui estabelecer qual parentesco com 2º
Duque de Montagu – John Browne, que foi o primeiro Grão-Mestre ligado a Realeza
Britânica.
36. 1782/1790 - Duque de Cumberland e Strathearn
– Príncipe Henry Frederick. (1º Membro Real tornado Grão-Mestre. Desta
data em diante o Grão Mestrado Maçom passou a ser um direito hereditário da
Casa Real da Inglaterra). Por ter se casado
com uma plebeia fez nascer o Royal Marriages Act of 1772. Ato feito pelo
Parlamento Britânico, pondo regras nos casamentos dos Reis.
37. 1790/1812
- 1º Marques Hastings - Francis Rawdon-Hastings (Acting Grand Master).
38. 1792/1812 - Príncipe de Gales - George
Augustus Frederick – (2º Membro Real
tornado Grão-Mestre da Grande Loja de Londres).
39. 1813/1843 - Duque de Sussex - Príncipe
Augustus Frederick (Neste ano se deu a unificação das duas
maçonarias inglesas, nascendo o que é hoje a GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA).
40. 1843/1870 - 2º Conde de Zetland - Thomas
Dundas.
41. 1870/1874 - 1º Marques de Ripon - George
Robinson.
42. 1874/1901
- Príncipe de Gales - Albert Edward
43. 1901/1939
- Duque de Connaught and Strathearn - Príncipe Arthur William Patrick Albert.
44. 1939/1942
- Duque de Kent - Príncipe George Edward Alexander Edmund
45. 1942/1947
- 6º Conde de Harewood - Henry George Charles Lascelles.
46. 1947/1950
- 10º Duque de Devonshire - Edward William Spencer Cavendish
47. 1951/1967
- 11º Conde de Scarborough - Lawrence Roger Lumley
48. 1967 - Duque de Kent - Edward
George Nicholas Patrick Paul é o atual Grão-Mestre.
Até hoje, estes foram os quarenta e oito Grãos Mestres,
entre eleitos e reeleitos, durante 250 anos da data da Constituição como
Maçonaria Especulativa, e 299 para os dias de hoje.
Destaque-se que foi nestes quatro primeiros anos, e
únicos, que à Maçonaria inglesa tinha como comando pastores da Igreja
Anglicana.
Umas das coisas a chamar bastante atenção foram às
jovialidades de alguns Grãos Mestres que tinham menos de 26 anos, como:
6º - 1º Duque de Wharton -
Philip James Wharton - (Idade 24 anos).
8º - 2º Duque de Richmond - Charles
Lennox (Idade 23 anos).
18º - 2º Visconde Weymouth – Thomas Thynne
(Idade 25 anos).
27º - 5º Barão Byron - William Byron (Idade 25 anos).
29º - 3º Duque de Chandos - James Brydges (Idade
23 anos) - Filho do 21º Grão-Mestre.
30º - 15º
Barão de Morton – Sholto Charles Douglas (Idade 23 anos) - Filho do 24º Grão-Mestre.
33º -5º
Duque de Beaufort - Henry Somerset (Idade 23 anos).
A partir deste último que ocorreu em 1772, especulo que
a experiência com esta jovialidade, 7 Grãos Mestres com idade igual ou menor de
25 anos, não tenha sido muito grata, pois após isto, todos á frente, tiveram
mais que 35 anos.
Destes de joviais idades, ressalte-se que Philip James
Wharton, sexto Grão-Mestre da Maçonaria Londrina foi "degradado como
maçom" em reunião aberta, após, concomitantemente ter sido expulso do
Parlamento Britânico, para pouco depois de deixar o cargo de Grão-Mestre por
conspirar na facção que intentava restaurar a dinastia dos Stuart na pessoa do
filho de Jacob II, o pretendente, foi exilado na França. Veremos mais a frente
fatos de sua vida pregressa.
Outra, especulação, dada a tantas evidências, é que
estes Grãos Mestres eram quase como umas sucessões nobiliárquicas para dentro
da Maçonaria Inglesa.
Certeza é que a partir de 1813, foi uma sucessão de
irmãos reais. Para exemplo, a 29 de outubro de 1941, George VI então Rei, e 43º
Grão-Mestre, instala seu irmão carnal o Duque de Kent como 44º Grão-Mestre da
Grande Loja Unida da Inglaterra, que já contava nesta época com 5.216 Lojas.
Disto se mostra fato que a partir de 1721 a Maçonaria
passou a ser regida e comandada exclusivamente pela nobiliarquia inglesa (até
os dias de hoje) tendo os Cargos de Grãos Mestres somente preenchidos pelos nobres
da Inglaterra, sendo o 1º destes nobres para o 5º Grão Mestrado, o Duque de
Montagu (John Browne). É de se notar que estes eventos já comemoram neste ano
de 2016, 299 de uma monopolização da realeza inglesa sobre a Maçonaria
britânica.
Em seguida deste cargo de Grão-Mestre, por Montagu, foi
dado em sucessão ao Duque de Wharton, um nobre lascivo cuja biografia os
ingleses pouco comentam devido aos escândalos e da sua notória participação no
Hells Fire Club.
Por certo, os maçons ingleses, também morrem de
vergonha da atuação do duque de Wharton e escondem com unhas e dentes,
notadamente as informações sobre o Hells Fire Club.
Relembremos... Já naquela época um fato pouco
recomendável era a forma como se elegiam e como eram postos os Grãos Mestres
daquela Potência Maçônica Inglesa, ou Londrina. A preferência para ser Grão-Mestre
recaia a ser de "sangue azul", ou seja, da nobiliarquia, ou de
natureza Real. Da realeza. E professar a religião Anglicana.
Disto, desta realeza imposta, o Philippe, Duque de
Wharton (1698-1731), era fundador de um Clube denominado, "Clube do Fogo
do Inferno" (Hells Fire Club) pelo ano de 1719. Foi este consagrado o
sexto Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, em 1722, na "molecagem"
dos seus 24 anos. Afora ser um aristocrata, era um proeminente político Whig do
Parlamento Britânico.
Houve outros muitos jovens conforme a relação disposta retro
anterior desta redação.
Também, e acredito por não mera coincidência, John
Browne - Duque de Montagu - que também foi membro do famoso Hell-Fire Club,
fundado pelo Duque de Wharton, sendo antecessor a este como Grão-Mestre, em 1721,
sucedendo a George Payne, pois fim ao livre Grão Mestrado naquela potência,
quando passou para mando e comando da nobiliárquica e depois em definitivo para
realeza inglesa.
Philipp de Wharton (Duque), Grão-Mestre da Grande Loja
de Londres, e fundador do Hell-Fire Clube (Clube do Fogo do Inferno), oscilava
nos primórdios de sua vida, entre um ateísmo que ridiculariza a religião,
passando por uma fase deísta na Maçonaria e morrendo aos 33 anos, convertido ao
catolicismo, num convento franciscano na Espanha. Na sua juventude, presidiu
algumas reuniões festivas com vestes satânicas numa taverna perto da Praça
Saint James em Londres.
Outro distinto integrante do Clube era Lady Mary
Wortley Montagu, mulher do Embaixador Edward Wortley Montagu, de notável personalidade
e inteligência e, além do mais, amante de Wharton.
Outro ingrediente da trama que devemos relembrar foi o
escândalo e a derrocada na bolsa de valores das ações da Cia Mares do Sul
(South Sea Co.), em 1720, que levou a quebra dos especuladores, entre eles, os
nossos Wharton e James Anderson e tantos outros Grãos Mestres da época, como o
pai de Thomas Coke (14º Grão-Mestre).
A saber, a Companhia Mares do Sul (South Sea Co.) foi
fundada em 1711 para comercializar com a América Espanhola, principalmente no
tráfico de escravos. Tudo estava baseado na Guerra da Sucessão Espanhola, pois
a Companhia Mares do Sul esperava lucrar com a guerra civil na Espanha, na
esperança de conseguir um tratado que permitisse o tráfico de escravos.
O Tratado de Paz de Utrecht, contudo, firmado em 1713,
foi menos favorável do que o esperado, impondo uma taxa anual aos escravos
importados e permitindo à Companhia Mares do Sul, enviar somente um navio a
cada ano para o tráfico. O sucesso da primeira viagem foi bastante moderado,
mas quando o rei Jorge I (que reinou de 1714 a 1727), ao tornar-se o presidente
da Companhia Mares do Sul, em 1718, criou-se um estado de confiança tão grande
que as ações da Companhia Mares do Sul começaram a entrar em alta.
Além do mais, o Parlamento aprovou uma lei (South Sea
Bill), uma duvidosa peça legislativa que permitia à Companhia Mares do Sul
assumir todo o débito nacional para pagá-lo com seus lucros. Esta privatização
"avant la lettre" resultou num boom (bolha) no mercado de ações. Todo
mundo queria freneticamente comprar suas ações e a bolha estourou em 1720 (nos
parece o dia de 2008), levando de roldão não só as ações da Companhia Mares do
Sul como de todo o mercado.
Quando os investidores quebraram, como vimos acima, o
Parlamento criou uma comissão de inquérito, demonstrando cabalmente que, pelo
menos, três ministros foram corrompidos (propinas) e mergulharam, também, na
especulação. Quaisquer semelhanças com o que ocorre no Brasil não são meras
semelhanças. Tal fato foi crucial na subida ao poder de Robert Walpole, que
conseguiu salvar o ministério Whig da derrocada.
Wharton, que era um dos interessados, sempre se opôs a
este esquema de suporte político desde o começo. Liderava uma coalizão confusa
de Whigs e Tories contra o primeiro-ministro Sunderland e Robert Walpole. Aqui
convém esclarecer que a política britânica do século XVIII era dominada hora
pelo partido Whig e pelo partido Tory, cuja fundação tinha sido estabelecida no
século precedente, mas que, só se tornaram partidos, no sentido moderno do
termo, em 1784.
As expressões Whig e Tory são palavras gaélicas cuja
tradução seria "ladrão de cavalos" e "foras da lei" que
eram aplicadas pelos partidários aos membros do campo oposto. Será que vemos
isto hoje no Brasil? Risos!
Algo do que temos hoje nos parlamentos pelo mundo,
especialmente no parlamento brasileiro, donde uma parte é de ladrão de cavalos,
outra parte foras da lei...
Quarta digressão. Mas, dado a tão grata analogia, se
parecem.
Os Tories eram basicamente conservadores, opunham-se à
tolerância religiosa e frequentemente esposavam a crença no direito divino dos
reis. Compunham-se de membros da alta hierarquia da Igreja anglicana e da
nobreza de província.
Os Whigs eram, nesta época, o partido majoritário,
composto de aristocratas latifundiários e da poderosa burguesia nascente. Eram
partidários de uma monarquia constitucional, do imperialismo inglês no exterior
e do liberalismo "laissez faire".
A maioria Whig, quando se sentiu pressionada pela
coalizão de Wharton, partiu para o contra-ataque. Para desviar a atenção
pública do escândalo da Bolha dos Mares do Sul (South Sea Bubble) e minar a
credibilidade política de Wharton, Sunderland e Walpole denunciaram, perante o
Parlamento, as atividades de Wharton no Clube do Fogo do Inferno. Estas
acusações de imoralidade alienaram o apoio dos Tories conservadores e dos Whigs
liberais e o poder de Wharton foi quebrado.
O Clube foi destroçado e daí a tentativa desesperada de
Wharton em se tornar Grão-Mestre da Grande Loja de Londres em 1722. Parte da
descrição do evento se encontra nas edições de 1723 e de 1738 das nossas
Constituições de James Anderson. Na primeira edição, este imortalizou Wharton,
que é citado diversas vezes, tecendo tanto loas a Wharton quanto ao duque de
Montagu, não seria de outra forma, haja vista, que ele foi eleito Grão-Mestre
por influência do Wharton, enquanto Grão-Mestre.
Na segunda Constituição – de 1738 - Anderson começa a
apagar a imagem do doidivanas Wharton, inclusive tecendo algumas críticas, pois
os jacobitas estavam se tornando carta fora do baralho na política britânica.
Wharton foi
execrado por diversas razões:
a) Pela sua
imaturidade (24 anos);
b) Pelo seu
libertinismo e;
c) Por ser
jacobita.
Ou seja, partidário de Jaime (Jacobus em latim) II, rei
católico da dinastia Stuart deposto em 1688, numa época em que a dinastia
protestante alemã de Hanover buscava se firmar no trono inglês. Dizem as más
línguas que quando da cerimônia de instalação na Grande Loja, a orquestra tocou
um hino jacobita: "Let the King Enjoy His Own Again".
Wharton terminou seus últimos anos de vida viajando
para Viena, tentando persuadir os austríacos Habsburgo a invadir a Inglaterra
para ré entronizar os Stuart, na volta passa por Roma e termina os seus dias,
na maior penúria, num mosteiro franciscano em Madri, após fundar a primeira
loja maçônica na Espanha. Não sem antes ter conseguido ser o primeiro Grão-Mestre
da Maçonaria Francesa em 1725.
É necessário para compreensão de tudo, se dizer que o
duque de Montagu, antecessor de Wharton no Grão-Mestrado era afilhado do rei
Jorge I Rei de origem hanoveriana (da casa de Hanôver – Alemão) que a época mal
falava o inglês para se fazer compreender. É desta época que se afirma mais o
parlamentarismo inglês, sendo Robert Walpole, 1º Conde de Oxford, geralmente
considerado como tendo sido o primeiro primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Servia
de interlocutor entre o Parlamento e o rei.
Como o referido Duque de Wharton era um doidivanas, foi
tarefa de um Grão-Mestre adjunto dirigir os trabalhos da Ordem. Cabendo este
intento a Jean Theophile Desaguliers, contudo uma grata tarefa, pois corria em
suas veias o espirito maçônico. Foi nomeado três vezes para tal posto: em 1722,
pelo "mulherengo" Wharton; em 1724, pelo Conde de Dalkeith; e em
1725, por Lorde Paisley. Não se pode deixar de notar a grande "coincidência"
da vivência e influências entre os pares, Duque de Wharton e o Duque de Montagu
em coisas que se podem elucubrar como conluios que levaram a Wharton a ser o 6º
Grão-Mestre da Grande Loja de Londres.
Estas influências no comando da Maçonaria pela nobreza
inglesa, estes conluios, começam-se a se sentir mais forte a partir de 1737, 10
de setembro, quando foi iniciado o primeiro membro da Casa Real na Maçonaria
Inglesa. Seu nome era Frederick Lewis, Príncipe de Gales, filho do Rei George
II. Esta iniciação foi feita por Jean Theophile Desaguliers, que fez a
cerimônia ritualística, numa exceção, no Castelo de Kew, em Richmond.
Nota-se, sobretudo, o nascer desta influência da
nobreza, que poderíamos chamar de baixo clero, haja vista, a que eram nobres,
porém sem ser da Casa Real, perdurando à quando então o Príncipe de Gales – Príncipe
Henry Frederick – primeiro Membro Real tornado em 1782/1790, como 36º Grão- Mestre da Grande Loja de Londres.
Daí
para frente à Maçonaria Inglesa passou efetivamente a ser comandada pelos
Membros da Casa Real, "ad aeternum". Hoje já se vão 299 anos de
comandos e mandos pela nobiliarquia real inglesa, sendo, 234 anos diretos pela
Casa Real Inglesa.
Haveremos também de trazer a lembrança que todas estas
mudanças, principalmente na forma ritualística, causaram em 1751 um cisma na
Maçonaria Inglesa dada a que os chamados Maçons Antigos não aceitavam no que
achavam ser os desmando praticados pelos Maçons da Maçonaria Londrina, por
aqueles, chamados de Modernos.
Estas diferenças, muito fortes perduraram até 1813,
quando então houve um pacto, entre as duas casas, o Tratado de Reconciliação,
que foi assinado no Palácio de Kensington aproveitando a circunstância que as
duas Grandes Lojas eram dirigidas por irmãos carnais: o Rei George III, Duque
de Kent, como Grão-Mestre dos Antigos e o Duque de Sussex como Grão-Mestre dos
Modernos, sendo então este o consagrado como 39º Grão-Mestre da Maçonaria
Inglesa, o 3º direto da Casa Real.
O Grão-Mestre dos Antigos era o Duque de Atholl que
renunciou em favor do Duque de Kent, para facilitar a fusão.
O maçom brasileiro Hipólito José da Costa,
teve participação ativa, no processo, devido a sua estreita amizade com o Duque
de Sussex; foi membro da Loja Promulgação e da Loja de Reconciliação. O irmão
Hipólito foi nomeado também Secretário para Assuntos Estrangeiros e Presidente
do Conselho de Finanças da Grande Loja de 1813 até a sua morte em 1823.
Temos a lamentar, que quando exposto a participar da
causa Pernambucana, que veremos a frente, não quis ajudar e nem dar nenhum
apoio à causa. Lamentável atitude, maçônica de maçom para maçons.
Esta anomalia de comando, sem eleições pelo povo
Maçônico, para seu Grão-Mestre, ferindo os regulamentos de Payne e a 1ª
Constituição Maçônica de Anderson (1723), tornar-se-ia pior quando então também
passou a serem obrigatórios todos os Membros do Grão Mestrado ser obrigado a
serem Anglicanos.
Criando dentro da Maçonaria Britânica o que podemos
chamar de maçons de segundo classe, ou seja, tornou aqueles que não fossem da
nobiliarquia ou realeza e anglicanos, e que almejassem o Grão Mestrado ou
Cargos neste, proibidos de alcançá-los.
Contudo, outro evento de grande importância, mostraria
mais estas anomalias.
Por conta da revolução francesa, 1789, com grande
participação da Maçonaria francesa, a Maçonaria inglesa, vinha assustando a
nobiliarquia inglesa pelo simples fato de sua existência. Por conta disto
antecipando qualquer movimento no Estado Monárquico, apressam-se os dirigentes
da Maçonaria Inglesa a época, a declarar ao então primeiro ministro inglês
William Pitt a total fidelidade e solidariedade a Monarquia e ao governo
monárquico. Ato altamente irônico, haja vista, que o comando da maçonaria era feito
por um membro da casa real, o Príncipe Henry Frederick.
Porém, não satisfeito, com as declarações do Grão
Mestrado da Maçonaria Londrina, exigiu o primeiro ministro Wiliam Pitt, na data de
dois de julho de 1798 (numa segunda-feira) em ato do Parlamento Inglês, obrigar
a Maçonaria Inglesa a proceder anualmente uma relação para o Estado Monárquico
em que houvesse contido: NOME, RELIGIÃO, TÍTULO,
PROFISSÃO,
ATIVIDADE
e ENDEREÇO
de todos seus membros, ou seja, o Estado Monárquico Britânico forçou a
Maçonaria Inglesa a proceder ao que chamaríamos de uma delação por escrito, de
todos seus membros, tornando-se assim perjura ao capitular a aquela imposição.
E ela assim submeteu-se, a fim de continuar com suas atividades. Isto perdurou
durante 168 anos, só terminando no ano de 1967.
Uma grande pergunta é se teria relacionado o nome do
Príncipe
Henry Frederick. , então comandando a Maçonaria, no exercício de Grão-Mestre, e
não como membro apenas simbólico.
É comum, em defesa destas anomalias citadas, o Maçom
Britânico fazer a alegação que a Maçonaria Inglesa estaria protegida pela
nobiliarquia, ou realeza, atendendo as tradições Britânicas, mais foi
justamente no comando pela realeza, durante o Grão Mestrado do Príncipe Henry
Frederick, 36º Grão-Mestre, que ela aceitou submissa fazer as tais relações
delatoras para o Estado Monárquico.
Onde estavam às tais proteções? E as tradições deveriam
ser maçônicas e nunca as da Monarquia Britânica!
Aproveito o ensejo para outra breve digressão, a
quinta, sobre o primeiro ministro inglês William Pitt, e observar o que se
segue:
"O quadro tributário da época" não exigia dos
mais abastados contribuição proporcionalmente maior, quando, em 1797, William
Pitt, solicitou alteração e aumento do "assessed taxes", uma forma
rudimentar de taxação baseada nos gastos como indícios de riqueza.
Os contribuintes foram divididos em classes. Na
primeira, estavam os que possuíam criadagem, carruagens e cavalos; na segunda, na falta desses
elementos, a base de cálculo era medida em relógios, cães e janela;
a terceira se baseava na qualidade da habitação. Os
contribuintes reclamaram de que havia sido criado um imposto sobre a renda e o
capital, mas Pitt discordou, afirmando que o imposto era sobre a despesa. A
receita desse tributo era diminuta e pouca as expectativas de aumento.
Preparavam-se, também novas alianças entre a Grã
Bretanha, a Áustria, a Rússia e a Turquia. A Inglaterra conseguia sucesso
diplomático, mas necessitava de recursos financeiros para subsidiar o ataque
contra a França. Em 1798, William Pitt solicitou ao parlamento modificação no
"assessed taxes", transformando o imposto sobre despesas numa
tributação sobre a renda, em suma, um imposto geral provisório sobre todas as
fontes de renda mais importantes. Vem daí o nome "income tax".
Em "3 de dezembro de 1798, na Câmara dos Comuns,
Pitt foi defender a instituição do imposto de renda". Conseguindo
aprová-lo.
De provisório como imposto de renda dura até hoje. E foi
o precursor para este evento.
Findo a digressão, posso afirmar que A MAÇONARIA REAL
BRITÂNICA é um caso atípico a todas as Maçonarias do Mundo. Ela é comandada e
gerida "ad perpetum" por descendentes da família real, não há eleição
para o Grão Mestrado, e para os cargos do Grão Mestrado tem-se que ter o título
de "SIR" e ser anglicano, daí não podermos conjecturar aceitação com
este exemplo tipicamente inglês.
Foram quebradas e desconhecidas as tradições maiores da
Entidade (Instituição Iniciática) Maçônica em prol de uma nobiliarquia e
religiosidade. Estes são os fatos e eventos de uma Potência Maçônica que se
julga Plenipotenciária de Direitos Universais sobre todas as
outras Potências Maçônicas do Mundo, ditando-lhes
regularidades. Todavia, quem estará mais na irregularidade Maçônica? Esta é uma
grande pergunta.
Dado pelo que a história nos demonstra, e sem nenhumas
mudanças em seus comportamentos que ferem princípios básicos maçônicos, que
olho como irregularidades, a resposta está presente aos olhos.
No próximo ano a Maçonaria Inglesa irá completar 300
anos de existência, e certamente será uma grande oportunidade para se comemorar
tão extensa data quanta tão extensa é a direção do Duque de Kent, atual Grão-Mestre
da Grande Loja Maçônica Real da Inglaterra, que completará ininterruptamente 50
anos de comando.
Para tanto, também este ano, completar-se-á mais de 279
anos desde que o primeiro maçom da realeza aristocrática foi iniciado maçom da
Maçonaria Real Inglesa. Seu nome era Frederick Lewis, Príncipe de Gales, filho
do Rei George II. Esta iniciação foi feita por Jean Theophile Desaguliers, que
fez a cerimônia ritualística, numa exceção, no Castelo de Kew, em Richmond.
Começava nesta data a história do ingresso da realeza
britânica no universo da Maçonaria Inglesa, culminando em 1782, em definitivo,
portanto neste ano de 2016, 234 anos da usurpação do Trono de Grão-Mestre
Maçônico para realeza britânica, exclusive e "ad aeternum" com a
ascensão do Príncipe Frederick Lewis. Que a governou por 8 anos, de 1782 a
1790, aquando de sua morte, com quarenta e cinco anos de idade.
Atualmente quem a Governa é o Príncipe Edward George
Nicholas Patrick Paul Windsor - Duque de Kent - desde 1967, portanto há 49
anos.
A questão que me faço particularmente e que aqui
exponho é se devemos gritar "Vivat", "Vivat",
"Vivat" ou HUZZÉ- HUZZÉ - HUZZÉ! "Habemus" uma Maçonaria
livre na Inglaterra.
Certamente, que não... Jamais para mim!
Não posso conceber que seja livre uma Potência Maçônica
que se dobrou a uma imposição externa da forma como se deu... O cargo de Grão-Mestre
da Ordem foi usurpado há precisamente mais de 274 anos, como cargo "ad
aeternum", exclusive, a ser preenchido somente por entes da casa Real Inglesa.
Mas, isto já nascia há 278 anos ou mais... Quando se mudou estatutos, diria pétreos
da maçonaria, com a novação da Constituição de 1738.
O que veio a representar uma subserviência. Um ato
simples de subordinação a exercícios externos. Mas, esta imposição e
subordinação não param por aí. Este tipo de subordinação veio para cima dos demais
cargos do Grão Mestrado Inglês, pois passou a existir outra imposição e
subserviência, esta promovida pela Igreja Anglicana amparada pela Casa Real e
que consta da Constituição da Grande Loja Real da Inglaterra. Ou como queiram:
A UGLE.
Que para ser membro do Grão Mestrado Inglês é obrigatório que se seja
Anglicano. Desta forma todo e qualquer outro iniciado maçom inglês que não seja
Anglicano não poderá jamais ser um Membro Ativo do Grão Mestrado. E isto é uma
excrecência, afora considerar racismos religiosos.
Isto para mim, já é o suficiente para tornar a
Maçonaria Real Inglesa irregular perante todas as Congêneres Maçônicas do
Mundo. Feriu e continua ferindo esta Potência, que se intitula plenipotenciária
da Maçonaria Especulativa, os princípios da Liberdade e Igualdade individual de
todos seus iniciados. Fere os princípios mais elementares da Maçonaria
Universal quando tornam alguns de seus iniciados, cidadãos de segunda classe
perante os outros, que são os iniciados e que professam a religião anglicana,
então os beneficiados.
E isto ocorre por deferência de um preceito que vem há
mais de 294, ou nascido há 481 anos, aproximadamente. Preceitos e preconceitos
que proíbe alguns de seus iniciados a um total ostracismo junto ao Grão
Mestrado Inglês.
É um ranço trazido de uma Lei promovida por um Rei Bígamo, e
excomungado pelo Vaticano através do Papa Clemente III. Passado em 1535, já
excomungado, com o "Act of Supremacy" (ato este até hoje ativo),
estabeleceu o Rei Henrique VIII ser ele o Chefe Único e Supremo da Igreja da
Inglaterra (Igreja Anglicana), daí para o passo de também serem os Chefes da
Maçonaria, como ocorreu, foi mera transposição de tempos e eventos.
Nascia nesta época a Igreja Anglicana mantendo os
mesmos dogmas que eram atacados pelo protestantismo: o celibato eclesiástico, a
transubstanciação (transformação da substância do pão e do vinho, durante a
consagração da missa, na substância do corpo e sangue de Jesus Cristo), a
validade dos votos de castidade e as missas privadas e o completo conluio Igreja
e Estado Monárquico e Autoridade Real.
Deste conluio, Estado Monárquico e Igreja,
surgiu outra imposição para a realeza. Hoje para ser REI ou RAINHA da
Inglaterra é obrigatório que os cônjuges professem ambos a religião anglicana,
senão não poderão sentar e centrar o trono da Inglaterra.
E esta situação, inconsequentemente também passou a ser
uma imposição Constitucional Maçônica para todos aqueles que almejassem ser um
membro do Grão Mestrado Inglês, tolhendo, subordinando a todos que não fosse um
anglicano a um Ostracismo.
Pode a questão ser legal, como o é, mas entendo imoral
e irregular perante os nossos princípios de: LIBERDADE, FRATERNIDADE
E IGUALDADE.
Poucos ainda desconhecem e alguns alegam que a realeza
veio dar segurança para a Maçonaria Real Inglesa, mais não foi tão assim...
Durante quase 170 anos, mais precisamente de 1798 a 1967 a Maçonaria Real
Inglesa, através do Grande Secretário era obrigada a fazer uma vez por ano uma
relação de todos os membros da Maçonaria com nomes, idades, profissões e
endereços para o Estado Monárquico, isto é, esta delação só findou
por uma decisão do Parlamento em 1967. Requerido por um deputado maçom de sua
casa.
Como pode ver uma coisa é uma coisa, outra coisa é
outra coisa quando feita pesquisas e a verdades se dar transparente. Sem
ataques, conchavos ou ilações maldosas, mas tudo para Bem da Verdade, Do
Conhecimento e Da Ordem Maçônica.
Mas, com tudo isto LOUVESSE a GRANDE LONGIVIDADE da
GRANDE LOJA MAÇÔNICA REAL INGLESA, numa eterna expectativa que volte a ser
LIVRE e sem costumes profanos.
E finalmente que venha participar dos Congressos Maçônicos
Internacionais, não como plenipotenciários seja, por
invocação própria, mas como mais uma Potência a fim de se criar uma sintonia e
uniformidades global para todos os maçons, quer seja nos princípios, quer seja
num ordenamento ritualístico mais equânime.
Por fim, como aceitar esta forma apolítica de ser da
Maçonaria contemporânea, se considerar como Brasileiro, os relevantes fatos
históricos políticos de formidável participação maçônica, diga-se de passagem,
em TEMPLO. Vejamos alguns pequenos relatos disto que fiz em diversas pranchas:
A Maçonaria brasileira, sem sombra de dúvidas foi à
artífice sobre a Independência do Brasil ao julgo Português através de seus
membros históricos, tem o seu marco maior nos atos que antecederam ao simbólico
grito do Ipiranga dado às margens do riacho do mesmo nome, na província de São
Paulo a Sete de setembro de 1822 (um sábado), pelo então Mestre Maçom (Ir:.
Guatimozin) S. A. R. Dom Pedro de Alcântara d´Orleans e Bragança.
Os mais memoráveis, a julgar pelos "Atos de
Bravuras" desprendidos, começaram nos idos de 1792 com o movimento feito
pelo irmão "Tiradentes" (Joaquim José da Silva Xavier) que culminou
com a sua morte a 21 de abril, numa sexta-feira. Houvera muitas rebeliões e
movimentos em diversas províncias pelo Brasil colônia afora. Todos estes atos
foram tratados como insidiosos, contudo, somente uma revolução foi havida e
feita pela Maçonaria com a participação popular do povo brasileiro, foi a: Revolução
Pernambucana de 1817.
Este movimento revolucionário de caráter republicano e
liberal que eclodiu em Pernambuco em março de 1817, portanto 05 anos ante do
advento da independência em 1822, e 72 anos do advento da criação da república
em 1889, teve como objetivo criar no Nordeste uma REPÚBLICA livre do
domínio português e da hegemonia político-econômica do Rio de Janeiro, então
residência da Casa Real Portuguesa. O movimento estendeu-se à Paraíba e ao Rio
Grande do Norte instalando um governo republicano provisório que durou três
longos meses, apenas, e infelizmente.
Crise
em Pernambuco
No início do séc. XIX, as províncias do Nordeste,
especialmente Pernambuco que como capitania hereditária, era uma das mais ricas
do Brasil, sendo a outra, a capitania hereditária de São Vicente/SP, tinha sua
forte economia baseada na produção do açúcar e do algodão que exportavam para a
Europa. Quando da transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808,
instalou-se no Rio de Janeiro, uma sede do vice-reino, mas era uma província
pobre. Para sustentar os custos da corte, de seu séquito, da administração e as
guerras no Uruguai e na Guiana Francesa, o governo português aumentou os
impostos no Nordeste, sobretudo na então, próspera capitania de Pernambuco, e
criaram outros.
Dos habitantes do Recife, só para se darem uns exemplos
pagavam estes um imposto mensal destinado à iluminação pública do Rio de
Janeiro.
A longa seca havida no ano de 1816 acentuou
sobremaneira as crises econômicas, abalando até os mais ricos senhores de
engenho. Tudo isso criou um clima de revolta contra o governo português do Rio
de Janeiro. As ideias liberais e republicanas, o estorvo da corte e o desejo de
autonomia política que vinha se difundido há tempos, e pelo mundo, prosperou
para difusão destes ideais.
Antecedentes
da Revolução
As ideias liberais e revolucionárias europeias tinham
sido introduzidas no Nordeste desde o final do séc. XVIII graças às pregações e
à ação do padre Irm:. Manuel de Arruda Câmara Médico formado na França,
botânico e homem de grande cultura, o padre irmão Arruda Câmara fundou em Pernambuco
uma sociedade secreta para-maçônica, o Areópago de Itambé (reunião de sábios,
magistrados, literatos, homens ilustres), a qual foi fechada em 1802 sob a
acusação de difundir ideias nocivas ao regime. Mas foi substituída, nos anos
seguintes, por outras sociedades secretas ligadas à maçonaria.
Fortemente os padres do Nordeste estavam envolvidos com
a Maçonaria e em sua maioria eram maçons, e na mocidade fomentavam os ideários
sentimentos revolucionários.
Entre eles o padre Irm. João Ribeiro Pessoa de Melo
Montenegro (com a Academia Paraíso, foi também o criador da Bandeira
Pernambucana, uma bandeira azul e branca, com estrelas, os símbolos do
arco-íris, o sol e a cruz vermelha), o vigário de Recife Irm:. Antônio Jácomo
Bezerra, o carmelita Ir:. Miguel Joaquim de Almeida Castro (padre Miguelinho),
o padre Ir:. José Inácio de Abreu do Amor Divino Caneca (frei Caneca), e os
padres IIrr:. José Martiniano de Alencar (pai do escritor José de Alencar),
Antônio Pereira de Albuquerque e Pedro de Sousa Tenório, todos os irmãos
maçônicos.
Entre 1814 e 1816, surgiram novas lojas maçônicas:
Patriotismo, Restauração, Pernambuco do Oriente e Pernambuco do Ocidente. As
duas últimas foram fundadas por Antônio Gonçalves da Cruz, dito o Cabugá, e
Domingos José Martins, respectivamente. Ambos se tornariam elemento destacado
da conspiração revolucionaria que começou a ser tramada, a partir de 1816,
nessas sociedades e nos meios militares.
Tomada
do poder
Em 1817, Afonso Ferreira, ouvidor de Pernambuco,
ingressou na conspiração para espionar e denunciou-a ao governador Caetano
Pinto de Miranda Montenegro, que mandou prender os padres, os civis e militares
envolvidos.
No dia seis de março (uma quinta-feira), o brigadeiro
português Barbosa de Castro foi à fortaleza das Cinco Pontas, em Recife, para
prender os oficiais suspeitos. Entre estes estava o capitão Domingos Teotônio
Jorge, principal conspirador na área militar. Lá chegando, o brigadeiro
Barbosa, foi morto a golpes de espada pelo capitão José de Barros Lima,
conhecido como Leão Coroado.
A partir deste fato, a fortaleza das Cinco Pontas,
sublevou-se e a revolução estourou antes do dia previsto, o domingo de Páscoa
(seis de abril), pois os padres revolucionários queriam fazer "a
ressurreição de Cristo coincidir com a da pátria".
Participando também estava o capitão Ir:. José Inácio
de Abreu e Lima, juntamente com seu pai padre Roma e seu irmão Luiz, este irmão
Abreu e Lima logrou êxito em fuga para Venezuela, quando tombada à revolução,
veremos isto a seguir, tornando-se General de Simon Bolívar, maçom, em diversas
campanhas por libertações nas Américas.
Tendo à frente Barros Lima, o Leão Coroado, com o
capitão Pedro da Silva Pedroso e os tenentes Antônio Henriques Rebelo e José
Mariano de Albuquerque Cavalcanti, a guarnição amotinada juntou-se à população
nas ruas. Abriram as portas da prisão para os líderes civis, padre João
Ribeiro, Domingos José Martins e o Cabugá, que tinham sido presos. O governador
Caetano Montenegro foi se refugiar no outro forte de Recife, o do Brum. Pouco
depois, saiu da província com a permissão da junta de governo provisório que se
formara.
O
Governo da Revolução
A composição do Governo Provisório era feita a cinco
membros, que pretendiam representar todas as classes. O padre João Ribeiro
presidia a junta. Domingos Teotônio Jorge, promovido a coronel e a comandante
de armas da província, representava os militares. O juiz José Luís de Mendonça,
a magistratura. O fazendeiro Manuel Correia de Araújo, os proprietários rurais
Domingos José Martins representava os comerciantes de Recife e era o membro
mais influente do governo. O padre Miguelinho atuava como uma espécie de
secretário do interior. Havia ainda um conselho de estado formado pelos homens
mais cultos da província: o senhor de engenho Antônio de Morais e Silva, autor
de um dos primeiros dicionários brasileiros; o português Manuel Pereira Caldas;
o vigário Bernardo Luís Ferreira; o comerciante Gervásio Pires Ferreira; e o
ouvidor de Olinda, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, irmão de
José Bonifácio.
Medidas
da Revolução
Após a proclamação da República de Pernambuco, tomou-se
a bandeira azul e branca, com estrelas, como bandeira da Republica (e que é o
lábaro Pernambucano até os atuais dias). Ainda em março, aboliram-se os
impostos pagos ao governo do Rio de Janeiro. O soldo dos militares foi
aumentado e os padres passaram a ser remunerado pela República.
No dia 10 de março (uma segunda-feira), o governo
publicou um documento - Preciso dos sucessos que tiveram lugar em Pernambuco - para
explicar ao povo os objetivos da revolução. Escrito pelo moderado José Luís de
Mendonça, porém nada falava em forma republicana de governo.
Pouco depois, foi publicada uma lei orgânica. A lei foi
enviada às câmaras municipais de todas as comarcas de Pernambuco. Ela previa a
convocação de uma assembleia constituinte. Fixava as limitações do governo
provisório da República de Pernambuco, consagrava as liberdades de opinião e de
imprensa e os direitos individuais, mas, proibia os ataques ao catolicismo. Os
portugueses que viviam no Nordeste seriam reconhecidos como
"patriotas" se aderissem ao regime.
Expansão
da Revolução
A 28 de março de 1817 (uma sexta-feira) saindo da
"Oficina Tipográfica da Republica de Pernambuco" surge o primeiro
impresso pernambucano, o famoso "Preciso", em que o irmão José Luís
de Mendonça ataca corajosamente o absolutismo imperial.
O governo republicano enviou emissários às capitanias
vizinhas, para ganhar sua adesão. O padre João Ribeiro escrevia que Pernambuco,
Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte "deveriam formar uma só república,
devendo-se edificar uma cidade central para capital". Na Paraíba, a
revolta eclodiu em Itabaiana, liderada por Amaro Gomes Coutinho. Chegou à
capital em 16 de março (um domingo). No Rio Grande do Norte, uma junta
republicana, chefiada pelo senhor de engenho André de Albuquerque Maranhão,
instalou-se em 28 de março (uma sexta-feira). Para o Ceará foi enviado o padre
José Martiniano de Alencar, mais tarde preso na cidade de Crato e remetido para
Salvador. Para a Bahia, os revoltosos mandaram o padre Roma, que foi preso
quando chegou a Salvador no dia 26 de março (uma quarta-feira), sendo fuzilado
três dias depois juntamente com seu filho Luís.
Diplomacia
da Revolução
O governo de Recife enviou representante também a
países estrangeiros em busca de apoio político Antônio Gonçalves da Cruz e
Domingos Pires Ferreira foram aos EUA para estabelecer relações diplomáticas e
comprar armas e munições. O comerciante inglês Kesner foi para Londres levando
credenciais para que o irmão Hipólito José da Costa se tornasse ministro
plenipotenciário da nova república junto ao governo inglês. Mas Hipólito, maçom
brasileiro que pertencia a Maçonaria Londrina, recusou o cargo. Félix José
Tavares de Lira foi enviado a Buenos Aires para obter o apoio dos republicanos
platinos.
Os EUA e a Inglaterra recusaram qualquer auxílio e
cortaram as comunicações postais com o nordeste brasileiro.
Buenos Aires não deu qualquer resposta. Os republicanos
do Nordeste estavam isolados internacionalmente, sendo assim deveriam enfrentar
a repressão, sozinhos, do governo de Dom João VI.
A
Repressão
Para repressão do movimento de 1817, partiu da Bahia no
final de março mandado pelo governador de Salvador, conde dos Arcos, uma tropa
por terra e uma pequena esquadra para bloquear Recife. No princípio de abril,
partia do Rio de Janeiro uma esquadra comandada por Rodrigo José Ferreira Lobo.
Foram mobilizados no total cerca de oito mil homens para debelar a Revolução e
a República criada.
Os governos da Paraíba e do Rio Grande do Norte foram
os primeiros a cair, após o assassínio de André de Albuquerque Maranhão. Em
Pernambuco, as tropas reais tiveram o apoio dos comerciantes portugueses e da
maior parte dos senhores de engenho do interior. Os revolucionários ficaram
cercados em Recife.
O cerco de Recife durou até 19 de maio de uma
segunda-feira. Neste dia, a vila de Recife amanheceu abandonada pelos
revolucionários. Uma comissão militar, presidida pelo general Rego Barreto,
comandante da repressão, iniciou então as condenações e os fuzilamentos. Mais
tarde, foi substituído por um tribunal de alçada na Bahia, presidido pelo
desembargador Bernardo Teixeira, que agiu com igual rigor.
Destinos
dos Revolucionários
Carregando uma espingarda e o arquivo da república, o
padre João Ribeiro acompanhou as forças republicanas até o engenho Paulista,
onde estas se decidiram dispersar. Ali queimou os documentos que poderiam
prejudicar seus companheiros e enforcou-se diante do altar-mor da capela. Mais
tarde, sua cabeça foi separada do corpo e exposta no pelourinho, seus restos
mortais estão hoje enterrados na Matriz da cidade de Paulista.
Em Recife, morreram na forca Domingos Teotônio Jorge,
Barros Lima o Leão Coroado, o padre Pedro de Sousa Tenório e Antônio Henriques
Rebelo. Os três primeiros foram esquartejados e seus corpos amarrados à cauda
de cavalos e arrastados até o cemitério; o último teve o cadáver queimado. Na
Paraíba, Amaro Gomes Coutinho, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, o padre
Antônio Pereira de Albuquerque e muitos outros tiveram destino semelhante. Domingos
José Martins, José Luís de Mendonça e o padre Miguelinho foram remetidos presos
para Salvador, onde foram condenados e fuzilados.
Em 6 de agosto (uma quarta-feira), uma carta régia
perdoou a alguns presos. Em 6 de fevereiro (sexta-feira) do ano seguinte, o
processo foi suspenso. Alguns réus foram libertados e os restantes 117 foram
enviados para as prisões da Bahia, entre os quais Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada (irmão carnal de José Bonifácio) e frei Caneca. Os que não morreram no
cárcere ou receberam o perdão real, foram libertados em 1820.
Estava lançada a semente de uma Revolução que se
pretendia superar ao julgo despótico da realeza Portuguesa e alcançar a graça
maior que era a criação de um Brasil República, conseguido finalmente, numa
sexta-feira, a 15 de novembro de 1889, pelo Ir:. Marechal Deodoro.
Como
esquecer o ocorrido em 07 de Setembro de 1822,
onde a Maçonaria foi pelos seus membros, a grande artífice para libertação
nacional do jugo português.
Esta história se deu há mais de 194 anos, numa manhã de
sábado as margens do Riacho do Ipiranga na província de São Paulo onde se deu o
simbólico grito da Independência do Brasil, pelo então Príncipe Regente do
Brasil Dom Pedro d'Alcântara de Orleans e Bragança. Um maçom.
Para este ato em muito contribuíram dois ilustres
maçons, dentre numerosos outros. Estes ilustres maçons eram então a época não
mais do que o Grão-Mestre e o 1º Grande Vigilante do atual Grande Oriente do
Brasil, respectivamente, José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves
Lêdo.
Eram duas correntes divergentes e intrigantes dentro do
Grande Oriente do Brasil.
De um lado um grupo com José Bonifácio, um
monarquista convicto com ideias preconcebidas de um governo monárquico
parlamentarista tendo como Imperador o Príncipe Regente Dom Pedro e do outro
lado o republicano Gonçalves Ledo, convicto a um governo republicano totalmente
independente de Portugal.
Ambos trabalhavam vigorosamente pela independência do
Brasil.
José Bonifácio, conforme balaústre de 02 de agosto de
1822, uma sexta-feira, propôs e foi aceito com unânime aplauso e aprovado por
aclamação geral, a iniciação de S. A. D. Pedro d'Alcântara, Príncipe Regente do
Brasil e seu Defensor Perpetuo. Nesta mesma reunião foi este iniciado no
primeiro grau, na forma regular e prescrita, prestando juramento e adotando o
nome de Ir:. Aprendiz Guatimozin.
Em muitas estórias se foi dito que Dom Pedro numa mesma
reunião havia sido iniciado, exaltado e aclamado Grão-Mestre o que não é
verdade, conforme demonstraremos ao final, reproduzindo uma certidão das atas
de reuniões a esse respeito.
Foi Gonçalves Ledo em outra reunião do Grande Oriente,
três dias depois da iniciação do Príncipe Regente, exatamente no dia 05 de
agosto de 1822, uma segunda-feira, reunião esta à qual presidia "ad
hoc", que propôs à exaltação do Ir:. Aprendiz Guatimozin para o grau de
Mestre Maçom.
Porém, como havia o irmão Guatimozin sido vinculado à
loja nº 1, denominada Comércio e Artes, foi incumbido de lhe conferir o dito
grau o Venerável daquela loja o irmão Manoel dos Santos Portugal.
Tinha Dom Pedro nesta época 24 anos completos e foi
nesta condição de Mestre Maçom que na manhã de sábado de 07 de setembro de
1822, a margem do rio Ipiranga, deu o simbólico grito da Independência.
Gonçalves Lêdo no dia 09 de setembro de 1822, uma
segunda-feira, portanto dois dias após o proclamado grito do Ipiranga, em
reunião do Grande Oriente por este presidida (ad hoc), dirigiu do Sólio um
enérgico discurso, baseado em sólidas razões, de que naquelas atuais
circunstancias políticas por que passava o Império, era por demais imperiosas a
ação da proclamação de nossa Independência.
Era inconteste que o mesmo não houvera tomado
conhecimento dos atos de Dom Pedro na província de São Paulo.
Era franco nestes dias de acontecimento de fortes
idealismos político e pessoais, as correntes (grupos) tomarem posições rápidas,
diria até, "de quem chegar primeiro leva", que sorrateiramente
Gonçalves Ledo promoveu uma nova reunião no dia 14.09.1822, num sábado, 05 dias
após o seu pronunciamento no Grande Oriente e 40 dias após haver praticamente
exaltado o Príncipe Dom Pedro, que nessa sessão em particular, aclamou e deu
posse ao Irmão Mestre Guatimozin como Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.
"Desta forma e não numa Assembleia Geral foi
destituído o Grão-Mestre José Bonifácio Na realidade a luz dos direitos
maçônicos fora cometido um crime até hoje minimizado pelos historiógrafos e
maçons".
Seguiu-se, então, comunicados a todas as províncias e
às representações estrangeiras no Brasil e efetivamente no dia 12 de outubro de
1822, num sábado, trinta e cinco dias após o simbólico Grito do Ipiranga que se
deu oficialmente à proclamação da Independência ao Brasil com a aclamação de
Dom Pedro como Imperador do Brasil.
Estes atos e fatos históricos, politicamente fortes na
Maçonaria de antanho, nos nossos dias atuais, não haveriam de acontecer tendo
em vista que quaisquer discussões de cunho político são proibitivas em nossas
reuniões.
Particularmente sou voz discordante, mesmo aceitando-a
disciplinarmente, haja vista, esta abstração ferir o caráter essencial do
homem, enquanto grupo, desde os primórdios do homem sapiens, que é a sua
natureza política Esse caráter é detectado nas mais primitivas sociedades.
Reprodução do artigo publicado a pagina 09 da Revista A
Verdade - Abril de 1983:
"Rio de Janeiro 12 de agosto de 1861",
Dr. Alexandre Js De Mello Moraes Gr:. 33 Grande Orador
do Gr:. Or:.
Em cumprimento do despacho de sua Excellencia Márquez
d'Abrantes Grande Mestre Grande Comendador da Ordem maçônica do Brasil, exarado
no requerimento antecedente do Grande Orador da mesma Ordem Dr. Alexandre José
de Mello Moraes, em dia 14 d'agosto corrente, extrahi do Livro 1o das Actas das
Sessões do Grande Oriente do Brasil, a respeito do que requer o suplicante, o
seguinte.
1º Que da acta da sessão em 13 do 5o mez do anno 1822
(2 d'agosto) consta ter o Grande Mestre da Ordem, então, o Conselheiro José
Bonifácio d'Andrada e Silva, proposto para ser iniciado nos mysterios da Ordem,
S. A. Dom Pedro d'Alcântara, Príncipe Regente do Brazil e seu Defensor Perpetuo
e que sendo aceita a proposta com unânime applauso, e aprovada por aclamação
geral, foi immediatamente e convenientemente communicada ao mesmo proposto, que
dignando-se aceiltal-a, compareceo logo na mesma sessão e sendo tão bem logo
iniciado no primeiro gráo na forma regular e prescripta pela liturgia, prestou
juramento da Ordem, e adoptou o nome heróico de - Guatimozin.
2º Que da acta da sessão de 16 do mesmo mez e anno (5
d'agosto) presidida interinamente pelo 1o Grande Vigilante do Grande Oriente
Joaquim Gonçalves Ledo, consta ter sido proposto e approvado para o gráo de
Mestre o sobredito illustre Aprendiz Guatimozin, que por ter ficado pertencendo
á loja no 1 denominada Comercio e Artes, foi incumbido de lhe conferir o dito
gráo o respectivo Venerável Manoel dos Santos Portugal.
3º Que da Acta da sessão de 20 do 6o mez do mesmo anno
1822 (9 de setembro), consta não só que tendo sido convocados os maçons membros
das três Lojas Metropolitanas para esta sessão extraordinária, com o
especificado fim adiante declarado sendo tãobém presidida pelo sobredito 1o
Grande Vigilante Joaquim Gonçalves Ledo, no impedimento do Grande Mestre José
Bonifácio, dirigira do Sólio um enérgico e fundado discurso demonstrando com as
mais sólidas rasões, que as actuaes políticas circunstancias de nossa Pátria o
rico e fértil e poderoso Brazil, demandavam e exigiam imperiosamente que a sua
cathegoria fosse inabalavelmente formada com a proclamação da nossa
Independência e da Realeza Constitucional na pessoa do augusto príncipe,
perpetuo defensor do Brazil; mas também, que esta moção fora approvada por
unânime e simultante acclamação expressada com o ardor do mais puro e cordial
enthusiamo patriótico. Que so “.
De tudo isto fica para mim a indagação ou dúvida:
A
MAÇONARIA ACOVARDOU-SE OU ACOVARDARAM-SE OS MAÇONS?
M:. M:. Fernando Guilherme Neves Gueiros
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