domingo, 6 de novembro de 2016

A MAÇONARIA ACOVARDOU-SE
OU
ACOVARDARAM-SE OS MAÇONS?



Oriente do Janga - Paulista -PE, 09 de Setembro de 2011. (Prancha revisada e atualizada em 05.11.2016).

Veneráveis Irmãos e amigos,

Nesta época que vivemos onde se travam tremendas lutas, verdadeiras batalhas pelo mundo afora, sobre diversos focos de ideias e ideais humanísticos, presenciamos ou pelo menos notamos estar se propondo a volta, hora para uns, o "criacionismo iluministas" (será que existe?), ou hora para outros os materialismos exacerbados, o quase parecido na forma, o que era pretendido pelo antigo iluminismo o grande movimento intelectual surgido na segunda metade do século XVIII (o chamado "século das luzes") que enfatizava a razão e a ciência como formas de explicar o universo e o homem.

Presenciamos de fato uma ruptura nas diversas partes do mundo. Uns propondo a volta aos misticismos da idade média, outros enfatizando a razão/ciência como força primordial.

Uma questão nasce: Onde fica nestas forças que se antagonizam o crescimento do HOMEM como ser?

Lógico, por força de ser maçom, tenho instado a pensar em todos os momentos nestas ocorrências e a causa da acefalia de nossas participações mais concretas e diretas.

E isto para mim pode estar ocorrendo, salvo a um total erro de leitura e observação que venho fazendo durante mais de 20 anos, porque a Maçonaria passou a ser dividida pela participação de três categorias de maçons:

Os que buscam INSTRUIR-SE COMPREENDER e se COMPROMETER; os INDIFERENTES e os REFRATÁRIOS.

A Maçonaria sempre se engrandeceu e se enriqueceu nas cooptações de membros em todas as classes sociais, seja por seus destaques pessoais, ou em alguns, que já então mestres em diversas atividades, ou noutros que com dons inatos e latentes, dentro da ordem viriam á se manifestar. Crescer. Coloco isto, dado a que vemos e vimos constatar que a cada dia mais ingressam aqueles que serão indiferentes ou refratários pela qualidade de sua natureza.

Estes últimos, indiferentes e refratários, veem a FRANCO-MAÇONARIA como um meio de arribar social e materialmente ou tão apenas ser ajudados. Para estes a Maçonaria é uma sociedade qualquer, mas posso afirmar, não somos. E afirmo isto com plenas convicções.

Nós temos uma causa, e não é específica ou tão específica como "algumas super Potências Maçônicas erradas e presunçosamente dão a conhecer ao mundo profano" que é a de promover simplesmente "caridades", ficar-se pelas filantropias. 

Neste aspecto, há algumas Potências que se vangloriam, em êxtases, através de seus membros, de apresentarem balanços anuais financeiros de filantropias tão dignos como o são os de um Bill Gates da vida, na matéria específica da Beneficência.

Qual o propósito destas ênfases e desta singularização? Ser um concorrente dos Rotary e Lions, instituição que singularmente se propuserem a isto?

Diria a aqueles que se prezam a isto, e erram! 

A ênfase maior da Maçonaria é buscar e formar novos homens, seres libertos dos grilhões de todas as ignorâncias formatadas ao longo dos tempos infantes, com plenas liberdades de pensamentos, para construção de uma humanidade melhor.

Vai daí não conceber outra posição erradamente enfática, feitas por muitos maçons, que é a de ser a Maçonaria uma entidade apolítica. E que disposição disto está exposta em seus rituais ("catecismos"), ou pré-estabelecido em Regras de Constituição ditadas por Potências e, nem tampouco conceber que para a Maçonaria sejam dados conceitos de religiosidades "a", "b" ou "c", ou de quaisquer sintonias com dogmas religiosos, senão uma determinação laica, na qual foi precedida pela sua Constituição de 1723, a chamada Constituição de Anderson, ou seja, sem dogmas de quaisquer concepções religiosas. 

E ser apolítica é uma ofensa á natureza humana e a própria natureza da filosofia da Maçonaria enquanto Especulativa.

Dado o preâmbulo inicial de minhas concepções e de meus pensamentos inscrevo que estamos a alguns dias da data da criação da Maçonaria Especulativa, data máxima para todos os maçons. 

Quando então numa quinta-feira, 24/06/1717, algumas Lojas em Londres, se reuniram para fundar uma Grande Loja, data MEMORÁVEL a qualquer maçom e próximo de completarmos 300 anos, faltando para isto apenas 1 ano do registro inicial do seu "nascimento" como MAÇONARIA ESPECULATIVA, de atividades mundiais ininterruptas.

Era, uma Maçonaria que surgia para o mundo de forma DEÍSTA e sobre os domínios numa nação em plena evolução e "lides" com os iluminismos, que foi, entretanto ao longo dos tempos, e prematuramente, desconstituída totalmente pela filosofia das coisas da Igreja da Inglaterra, também conhecida como Igreja Anglicana, ou Pentecostal, e, portanto, tornada essencialmente religiosa, nos dogmas TEÍSTA.

Hoje a pergunta que me faço é se:

A MAÇONARIA ACOVARDOU-SE OU SE ACOVARDARAM OS MAÇONS!

Faço a presente questão ensejada não por estar desgostoso com a Maçonaria, mas altamente ansioso com seus rumos, ou melhor, a falta deste. Um claro vazio, uns desnortes em tudo, inclusive na sua filosofia.

Nesta história toda que passo a analisar e faço um pequeno ensaio de épocas e fatos que antecederam ao nascimento da MAÇONARIA ESPECULATIVA, tanto quanto os contemporâneos tempos, têm como destaque gente como Theophile Desaguliers, nascido em Aytré, subúrbio de La Rochelle, França, em 12 de Março de 1683 e falecido em Londres, 29 de Fevereiro de 1744.

Filósofo natural, Calvinista, membro da Royal Society de Londres, assistente e divulgador de Isaac Newton e toda uma era. Todas estas referências são para aproximarmos o máximo da filosofia que imperava por aquela ocasião. Estava no auge o iluminismo, dentre estes podemos considerar o discípulo de Newton, Jean Theophile Desaguliers.

Sabemos que por aquela época a religião Cristã dominava literalmente o mundo, e este poder estava "lotado" nos Papas de Plantão, aos quais monarcas e reinados diversos não só prestavam homenagens, como submissões, inclusive as políticas. Todavia para analisarmos o contexto do nascimento da Maçonaria Especulativa teremos que analisar o declínio deste poder, e tudo começa por Felipe IV, chamado de o Belo, Rei da França, passando por Henrique VIII, o extremado Rei da Inglaterra.

O Rei Filipe IV, o Belo (1285-1314), foi aquele que fortaleceu a monarquia, preparou a França para tornar-se o primeiro estado nacional moderno. E laico!

Cioso das suas prerrogativas como rei e governante, Filipe entrou em confronto direto com o papa Bonifácio VIII (1294-1303), rejeitando qualquer intromissão de Roma nos assuntos internos da França, especialmente nas áreas econômica e judicial, onde prevaleciam os mandos e desmandos dos papados. Já por esta época é de se notar se exercitava o estado laico.

O papa altamente incomodado revidou com duas Bulas papais, AUSCULTA FILI (05 de dezembro de 1301) de caráter paternalista, mas proclamando a superioridade do espiritual sobre o temporal e apelando a Filipe IV para desfazer de seus atos, comparecendo perante o Conselho de Roma. 

Lógico, o Rei francês Felipe, não tomou conhecimento de seus pedidos, quando então formulou, após quase um ano de discórdia e desencontros, após completas desconsiderações do Rei francês, a segunda Bula denominada UNAM SANCTAM (18 de novembro 1302), reafirmando nesta de formas mais extremadas a supremacia real e espiritual papal, quanto à superioridade do poder espiritual sobre o poder político. Inclusive reafirmando textualmente: 

“Além disso, nós declaramos, proclamamos, definimos que é absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano”.

Para muitos historiadores e analistas estas mensagens foi considerada o "canto do cisne do papado medieval".

Sobre as Bulas Papais, faço a primeira digressão no contexto destes textos:
Bulla Papal vem de sua autenticação dada na verdade a época, por uma "Bolha de Chumbo", onde era premido o selo papal, vide imagem ao abaixo:

Selo Papal de Chumbo denominado Bulla.

Retornando ao tema... Lógico, o papa em questão como retaliação as ações de Felipe, que afora não concordar com quaisquer supremacias papais, ou da Igreja Católica como um todo, já vinha de impor impostos aos clérigos e as Igrejas, como a limitação quase a zero, de qualquer remessa de divisas em francos para o papado.

Por conta destes atos, Filipe IV e seu ministro Guillaume de Nogaret foram excomungados. Então para responder a repreensão e excomunhão feita pelo papa Bonifácio VII, mandou Felipe IV suas tropas à Itália, e fez este preso.

Esta ocorrência se deu em 7 de setembro de 1303. Este veio há falecer um mês após ser libertado, em 11 de outubro de 1303.

Relevante se fez notar, após este fato, um período de acentuado declínio e descrédito para a Igreja quando então o papa francês Clemente V (1305/14), ascendido ao papado e protegido de Felipe IV, transferiu a Cúria Romana para Avinhão, no sul da França, dando início ao chamado "cativeiro babilônico da Igreja católica" (1309-1377).

A situação agravou-se ainda mais durante o Grande Cisma onde por 40 anos houve papas rivais, um em Roma e outro em Avinhão (1378-1417), ouvindo-se em toda a Europa um clamor por "reformas na cabeça e nos membros".

Dentre inúmeros aspectos negativos trazidos do final da Idade Média, para analisar e temporizar com aqueles tempos, foi o crescente uso da força contra os dissidentes religiosos por conta da Igreja Católica Apostólica. Exemplo disto foi no século XI.

Havia surgido no sul da França à seita dos Cátaros ou Albigenses (naturais da cidade Albi na região dos médios Pirineus da França), seita que praticava um sincretismo cristão, gnóstico e maniqueísta, que se manifestava em um extremo ascetismo que era uma moral filosófica baseada no desprezo do corpo e das sensações corporais – mortificações corporais – e que tendia a assegurar, pelos sofrimentos físicos, o triunfo do espírito sobre os instintos e as paixões.

Condenados pelo IV CONCÍLIO DE LATRÃO em 1215 (Inocêncio III), os Cátaros, foram praticamente aniquilados por uma cruzada, comandadas pelas hordas dos brutais Templários, dirigentes a soldos dos papas, que eram os braços armados dos Papas de plantão a época, movidas pelas ações já inquisidora, cuja inquisição efetiva seria oficializada em 1233, pela Bula Papal: AD CAPIENDOS LICET de Gregório IX.

Outro grupo reprimido e quase aniquilado foram os Valdenses (relativo ao cantão de Vaud, Suíça), surgidos em Lião no século X. Condenados pelo CONCÍLIO DE VERONA em 1184, eles foram perseguidos, e também quase aniquilados pelos sucessivos ataques havidos, e mais tarde abraçaram a Reforma Protestante.

Quanto às Igrejas, como atuaram nestas convulsões e perseguições religiosas históricas de antanho?

A Igreja Anglicana (estatal), nascida durante a Monarquia de Henrique VIII, para seus interesses, e que repercutirei mais a frente versus a Maçonaria, de muito respeitável, tornara-se apenas, um pilar do aparelho de Estado, e que fomentou o emergente crescimento de Igrejas protestantes dissidentes.

Quanto à Igreja Católica Apostólica Romana, esta desprendeu um esforço considerável desde o Concílio de Trento, impondo um debate teológico sério sobre o problema da fé, da graça e das obras, para renovar a liturgia, impulsionando a instrução do clero nos seminários. Tentou coibir as "extravagâncias" do clero como o concubinato, muito pouco eficaz, diga-se, até os dias de hoje, com o fito não só de renovação, como para o poder.

Este vácuo de força, na perda dos poderes da Igreja Católica, os papais, resultou numa notável floração de místicos espanhóis: como Juan de La Cruz, Santa Tereza d'Ávila e principalmente Inácio de Loyola, que fundou um "exército de clérigos apostólico", a denominada Companhia de Jesus. Cheia de muitos poderes, e que veio a associar-se de vários reinados na península ibérica.

Porém, no conjunto, a Igreja Católica Apostólica Romana entrara em defensiva.

Nas penínsulas Ibéricas e Italianas, a Inquisição ganhava força, enquanto na França, o soberano tratava os conflitos religiosos como questões de Estado.


O Jansenismo (Doutrina de Cornélio Jansen, bispo de Ipres, sobre a graça e a predestinação) e Port-Royal foram eliminados. Esta doutrina jansenista condenado pela Bula AD SACRAM subscrita pelo Alexandre VII, baseava-se numa leitura crítica da teologia de S. Agostinho e nas propostas do teólogo Miguel Bayo, e apresentava um nítido parentesco com as doutrinas agostinianas que deram origem à Reforma Protestante, sobretudo nas doutrinas calvinistas, sobre a graça, a natureza humana e a predestinação.

O ponto central e essencial desta doutrina é uma antropologia pessimista, que vê no pecado original a corrupção da natureza humana, doravante incapaz de qualquer obra boa e fatalmente inclinada para o mal.


Aliás, Alexandre VII em suas atitudes de altas e baixas, teve várias consequências para a história. No plano político, teve um sério conflito com o rei Luís XIV, da França, após um insulto da guarda corsa ao embaixador francês em Roma. O monarca da França ocupou o condado veneziano de Avinhão e ameaçou invadir os estados pontifícios. Isso fez com que o papa acabasse por assinar o humilhante Tratado de Pisa, em 1664. Por outro lado, foi ele quem terminou as Obras da Praça São Pedro, com a colunata de Gian Lorenzo Bernini e suas duas fontes.

Outras eliminações iam acontecendo...

O Édito de Nantes foi revogado e a disputa pela Regalia (o domínio sobre tributos eclesiásticos) terminou com avanços da monarquia, apoiada pelo Arcebispo Bossuet. 

Ele, que se preocupou com as repercussões do opúsculo de Madame de Guion, "meio curto e fácil para a oração" representativo do QUIETISMO, um sistema místico de alguns teólogos, condenado pela Igreja Católica, que defende a inutilidade do esforço humano para a salvação e para a santificação e segundo essa doutrina, a pessoa deve conservar-se em estado de absoluta passividade contemplativa, indiferente a tudo, um estilo de oração e de vida que aproximava o fiel de Deus. 

Era uma mística bastante devocional, mas nem isso o catolicismo podia tolerar. 

Mas, no final da vida, Bossuet estava bastante alarmado com a indiferença religiosa, referindo-se a ela como "a loucura do século" (1701).

Já então começa o iluminismo.





O Criticismo (Sistema filosófico de Kant, que procura determinar os limites da razão humana; racionalismo crítico) e o Ceticismo faziam progressos. 







Descartes, ainda pensava poder provar a existência de Deus e produziu textos com este objetivo. Anos depois, Pascal, matemático brilhante, idealizador de uma máquina de calcular e do barômetro, pensava exatamente o contrário; Deus era uma aposta, nenhum raciocínio garantia sua existência.







De 1680 a 1700, apareceu uma série de obras críticas Ricardo Simon, oratoriano francês, publicou a "História Crítica do Antigo Testamento", em 1678 e outra sobre o Novo Testamento, em 1689. Ele comparou as versões da Bíblia nas diferentes línguas. Mostrou a impossibilidade de ser Moisés o único autor do Pentateuco, uma vez que descreve a própria morte no Deuteronômio. Bossuet obteve a condenação da obra e a exclusão de Simon do Oratório.






Outro pensador, John Toland (um dos participantes na formatação da Constituição Maçônica de 1723, deísta) lançou "Christianity not misterious" em 1696, afirmando que o mistério levava a tirania e superstição.












rês anos depois Gottfried Arnold publicou a "História das Igrejas" desde o início do Novo Testamento até 1688. Depois, seguiram-se Moshein, Walch, Noris e outros, mostrando que os dogmas eram produtos de decisões conciliares (relativo a concílios) e não estavam nos Cânones bíblicos.







 Mais adiante, Hermann Samuel Reimarus mostraria "que Jesus tentou encontrar o estado divino e quando sua missão messiânica fracassara, morrera em desespero". Citando até a frase bem temática em aramaico: Eli, Eli, lamma sabacthani... 

"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?"...




Notemos, que no séc. XVII, o termo "ateu" servia para designar uma crença religiosa desviante ou herética. Ninguém pensava em apresentar-se como ateu.



 Mas, em 1682 nos "Pensamentos sobre o Cometa", Pierre Bayle, ex-calvinista, que desempenhou um importante papel intelectual, refletia: "Uma sociedade de ateus praticaria as ações civis e morais, da mesma maneira como as praticam as outras sociedades"

Nada mais do que plural.




Isto foi forte para a época, pois até mesmo Voltaire e outros iluministas, pensavam que a religião era necessária para manter a "canalha" (povão) na obediência e na moralidade.

E com certeza estava certo, pois 161 anos depois Karl Max diria: “que a religião é o ópio do povo”. Que muito dizem ter sido dito por Stalin, erradamente.

Como mais elementar citaria, para que não pareça um desvio de sentidos dos textos, que o tempo da crise de consciência, tornou-se tanto mais perigoso para a Igreja e a Religião, porque não surgiram dos ambientes religiosos, mas de pensadores de valor e sábios originais.

Haja vista, ser a arma tradicional da Igreja o anátema: "a ordem do silêncio". Melhor diria: Do "emburrecimento"!


 Logo após a morte de Luís XIV (1715), que era o protótipo do conceito de Absolutismos, circularam aos milhares, libelos, panfletos, jornais e estampas. E nos clubes e cafés amplificaram as novas ideias.
Foi neste clima intelectual que começou a surgir a Loja Maçônica Londrina.






Antes, porém, gostaria de considerar, a questão da Igreja Anglicana, que sempre teve e continua tendo até os dias de hoje, o domínio de toda estrutura superior da Maçonaria britânica. 

Ela (Igreja) não foi resultante de uma reforma religiosa como foi o Protestantismo, ela foi consequência de um interesse menor de um governante concubinário, e bígamo, o Rei Henrique VIII.

Há por parte dos historiadores o fato de que havendo se casado secretamente com a amásia Ana Bolena, já grávida, manda em 1533, o rei, coroá-la como Rainha, ainda casado com Catarina de Aragão, tornando-se afora concubinário, bígamo.

Thomas Cranmer a quem o Papa nomeara chanceler de Canterbury, oportunistamente, pronuncia-se a favor do divórcio do Rei.

Em 1535, Henrique VIII já excomungado pelo papa Clemente VII, com o "Act of Supremacy" (ainda vigente até os dias de hoje) ficou estabelecido que o Rei fosse o chefe ÚNICO e SUPREMO da IGREJA DA INGLATERRA, então criada. Aos moldes da Igreja Católica, tornou-se ele o Papa da Igreja Anglicana. Título que cabe hoje a Rainha Elizabeth II.

Nascia aí à Igreja Anglicana mantendo os mesmos dogmas da Igreja Católica, que eram atacados pelo protestantismo, como o celibato eclesiástico, a transubstanciação (transformação da substância do pão e do vinho, durante a consagração da missa, na substância do corpo e sangue de Jesus Cristo), a validade dos votos de castidade e as missas privadas.

Verdades históricas (sem se meter em religião)...

Nesta segunda digressão que era quem:

Henrique VIII – Bígamo é excomungado...  

Nascido em Greenwich, 1491 - morreu em Westminster, 1547.
Rei da Inglaterra. Casou-se com Catarina de Aragão, filha dos Reis Católicos. Em 1509, com 18 anos, acende ao poder, que exerce com a ajuda do seu conselheiro, o cardeal Wolsey. 

No início favorece a política de Carlos V contra a França, mas depois da Batalha de Pavia (1525) alia-se a Francisco I. Em 1527 coloca-se a possibilidade de romper com o papado e com a Igreja Católica.


Os problemas começam quando pretende divorciar-se de Catarina de Aragão, sua esposa legal e primeira, ao que se opõe o papa Clemente VII, nascido Giulio di Giuliano de Médici (filho bastardo de Giuliano de Médici). A negativa provoca a queda do Cardeal Thomas Wolsey (lorde-chanceler de Henrique VIII, que o ajudara como conselheiro) e o acesso ao poder de Thomas Cromwell, que lhe sugere a possibilidade de se converter no chefe de uma Igreja, a qual seria Igreja da Inglaterra.


Thomas Cranmer...  

Excomungado pelo Papa, ele foi um dos primeiros mártires anglicanos, tendo sido queimado em 1556 por heresia pela Igreja católica romana, através da filha de Henrique VIII (Maria I filha de Catarina de Aragão).

Foi o primeiro arcebispo protestante de Canterbury nascido Aslockton, Nottinghamshire, 2 de julho de 1489 - Oxford, 21 de março de 1556 - Inglaterra, tido como o fundador intelectual e, em parte, espiritual da Igreja Anglicana.


Depois de estudar no Jesus College, em Cambridge, casou-se, mas logo enviuvou e, então, entrou para a Igreja e dedicou-se ao estudo, tornando-se um notável participante dos debates suscitados pela revolta de Lutero. Foi enviado à Alemanha como embaixador na corte de Carlos V (1532), e lá conheceu Margaret Osiander, com quem se casou, apesar das ordens sacerdotais.

Tornou-se arcebispo de Canterbury (1533) e em cooperação com Oliver Cromwell, promoveu a publicação de uma Bíblia em inglês. Com a ascensão de Eduardo VI (1547), empenhou-se em transformar a Igreja da Inglaterra em protestante, mas a rainha católica Maria I (filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão), ao assumir o poder, destituiu-o do posto e, por sua ordem, foi preso, condenado e queimado na fogueira, em Oxford.

Historicamente seu episódio mais conhecido foi o fato de Henrique VIII, que queria divorciar-se de Catarina de Aragão para desposar Ana Bolena, ter sido ele, o encarregado de fundamentar teologicamente o divórcio, defendê-lo em Oxford e Cambridge, e junto ao papa. Traidor do Papado e oportunista ele via a possibilidade de ser chefe da Igreja, chefia não conseguida, usurpada pelo Rei através do "Act of Supremacy".

Como Arcebispo de Canterbury, foi favorável a estes planos, aceita o divórcio do rei, contrariamente as diretrizes de Roma, que de seguida se casa com Ana Bolena (que era dama de companhia de Catarina de Aragão e amásia do Rei, já então grávida).

Em 1535, o Parlamento vota uma lei que confirma Henrique VIII como chefe da nova Igreja Anglicana (até os dias de hoje, salvo engano, não foi suprimida esta lei), independente de Roma. Nesta separação há o confisco (entenda-se subtração a força - roubo) dos mosteiros e demais bens eclesiásticos católicos, que passam para as mãos da aristocracia.


Thomas Cromwell...

Foi artífice da Reforma Anglicana Morreu decapitado (e excomungado). Quem o mandou decapitar, adivinhem?








Ana Bolena...

Causadora de todo imbróglio de Henrique com a Igreja Católica, como amante e depois esposa, era dama de companhia da primeira esposa de Henrique VIII, Catarina de Aragão. Terminou sendo morta decapitada por ordem de Henrique que a acusou de traição.






Surgia, voltando ao tema, a MAÇONARIA INGLESA (1717), que é um caso atípico a todas as maçonarias. Atipicidades que a frente irá paulatinamente sendo explicados.

Ela, diferentemente de todas as outras POTÊNCIAS MAÇÔNICAS pelo mundo, é comandada e gerida "ad perpetum" por descendentes da família real, não havendo eleição para o Grão Mestrado, daí não se poder conjecturar em concordâncias com este exemplo tipicamente inglês. Desconheço outras monarquias que detenha o cargo de Grão-Mestre da Maçonaria, "ad perpetum", como só ocorre na Inglaterra. 

Ou religião que tenha como chefe supremo um Rei. Perdoem-me...

Propositadamente escrevi não haver uma religião que tenha um Rei como Chefe, tem sim, a Igreja Anglicana, cuja chefa atual é a Rainha Elizabeth.

Fazendo uma analogia, que veremos a frente ser concebida, a de se convir que no reinado Inglês quem estar sentado no trono não governa, tampouco pode errar, se para isto nem o primeiro ministro indica. 

Todavia, tal como no Act of Supremacy de Henrique VIII membros da Casa Real, passaram a ter o direito ad perpetum de comandar a Igreja da Inglaterra, também conhecida, ou mais conhecida, como Igreja Anglicana, e por consequências naturais a tudo isto a Maçonaria. Esta forma de ser afetaria o futuro da Ordem Especulativa.

Outras grandes mudanças havidas no catecismo (ritual) da Maçonaria Inglesa (Rito de York) foram feito à ótica e supervisão, da estrutura maior da Maçonaria Inglesa, mormente aos tempos de 1813, quando os maçons antigos ligados mais profundamente ás coisas religiosas, a comando de membros Anglicanos que eram também maçônicos, começavam a mandar nos destinos das coisas maçônicas londrinas. Inclusive na sua estrutura ritualística.

Isto ao tempo que o poder Papal e a Igreja Católica Romana declinavam em seu poder nascia o ápice do esoterismo, da política e livre pensamento (1717 - 1789).

Para outros melhores entendimentos, devemos relembrar os fatos e elementos da Maçonaria dita operativa, como as Guildas Medievais (associações de mutualidades - mutualismos - formadas na Idade Média entre as corporações de operários, negociantes ou artistas), que praticavam suas iniciações e tinham seus mistérios, e como vimos pouco atrás, podiam e incomodavam a Igreja e o Clero. A qual sem dúvida interveio a assimilar ou somatizar que os grupos secretos de trabalhadores, faziam práticas de bruxarias, o que gerou o decreto da Sorbonne, 1655, proclamando que todos aqueles que se associam com "más companhias" eram "sacrílego e culpado de pecado mortal". 

Os pedreiros/construtores dentro deste mutualismo tinham também seus mistérios. Teriam eles dado origem a uma organização maior chamada Maçonaria?

É possível serem plausíveis tais conjecturas, haja vista, que as Igrejas e catedrais medievais apresentavam nas suas arquiteturas muitos simbolismos, como uso de símbolos astrológicos, apreensões com a cosmologia, materiais folcloristas e lendário em várias esculturas, dando a entender claramente um esoterismo. Mas se isto houve, a Maçonaria então operativa protegeu muito bem os seus segredos, pois não se encontram documentos que apontem menção à organização. Mesmo no seu mutualismo é de supor que fosse estritamente corporativa, só aceitando membros que fossem pedreiros/construtores.

Há, contudo, na história a existências de papéis póstumos de Elias Ashmole, dando conta de uma anotação sobre o ingresso do autor numa Loja maçônica em Warrington, em 1646. Outro documento indicava algo anterior, onde Robert Moray fora admitido em uma Loja, em 20 de maio de 1641.

Elias Ashmole e Sir Robert Moray tinham algo em comum além da possiblidade de filosofias maçônicas, eles foram sócios fundadores da Sociedade Real. Num panfleto de 1676, podia-se ler que os Maçons consagrados jantariam em companhia de Adeptos Herméticos e de membros da Antiga Fraternidade da Rosa-Cruz, num clube WHIG de Londres. Este é um fato que daria nascimento anterior à Maçonaria.

Todas estas conjecturas á mim, contudo, não trazem quaisquer realidades da existência de Maçonarias. Como embrião sim... Maçonaria no amplo do termo nunca.

Foi á fundação de um núcleo como Grande Loja Maçônica em 1717, por James Anderson e outros, uma ruptura com as tais tradições operativas. Quem defende esta tese é Robert Ambelain, historiador e franco-maçom muito graduado, sobre o qual Eu corroboro, pois mesmo diante de tudo que se mostrava a Maçonaria Londrina tomaria rumos e ritmos dogmáticos completamente diferentes dos ambientes embrionários.


James Anderson, ministro escocês presbiteriano, não era maçom quando ajudou a fundar a Grande loja londrina e, portanto, não tinha direito de iniciar ninguém. Em 1714, Anderson, já em Londres, mantinha reuniões com: George Payne, James Stuart, Jean Désaguliers, John Browne (o Duque de Montagu), John Entick, John Toland.

Uma digressão graciosa á se observar!



Vejam quanto Joãos foram partícipes na Construção básica da Maçonaria. Se considerarmos Jean, que seria João o equivalente a João em português, e John idem, teremos 04 Joãos, tanto quanto, tomaram como patrono (padroeiro) da Maçonaria São João. Abaixo os quatros Joãos...

Os Joãos: Jean Désaguliers, John Browne (o Duque de Montagu), John Entick, John Toland. 
  
Alguns maçons tiveram notícia destas reuniões e tentaram barrar os passos de Anderson. Até o arquiteto Christopher Wren viu-se envolvido na disputa. Entretanto Jean Theophile Desaguliers tinha um vasto trânsito. Era Desaguliers francês e protestante, que havia fugido para Londres, cursou Oxford, ingressou na Sociedade Real, na Loja L'ANTIQUITY em 1712 e, na Igreja Anglicana, foi capelão do príncipe de Gales. O rei George II seguia seus cursos e na Holanda sua audiência contava com Huygens e Boerhaave. 

Hayyim Samuel
Jacob Falk


James Anderson e Desaguliers tiveram a orientação espiritual e intelectual de Hayyim Samuel Jacob Falk, conhecido como Falk-Schek,  com reputação de grande mago judaico.









Além de não "ser maçom aceito", Anderson teria alterado algumas regras das antigas observâncias e introduzido o que poderíamos chamar de suspeito ritual da morte de Hiram.

Ambelain dedica três capítulos de seu livro para mostrar que este antigo mito era luciferino. Coisas da época. Este autor juntou muitos fragmentos de lendas do Oriente médio e norte da África para argumentar sua tese. O ponto central da defesa parte da observação de que nos textos bíblicos (Crônicas e Reis), Hiram não é um arquiteto, mas um ferreiro, que tem uma mitologia e uma ascendência maldita: Caim. De fato, o estudo de Eliade mostra como o mistério que cerca as operações dos ferreiros, com o fogo, gerou uma vasta mitologia ao redor do mundo.

Nesta tese de Ambelain, e outras de muitos autores e historiadores maçônicos, não faço coro, pois a Lenda de Hiram nada mais é do que uma consagração de uma temática para o esboço de ensinamentos esotéricos. É uma quadratura de toda a simbologia maçônica. Como são todas as simbologias... Elas se montam para uma narrativa de uma ideia, providas de metáforas, enfim aforismos reflexivos.  

Por que esta mudança de operativa para especulativa teria ocorrido no início do séc. XVIII?

Na explicação de Ambelain: "Assim, por uma lenta evolução, as lojas operativas foram pouco a pouco se transformando em sociedade de pensamentos, e as cerimônias de iniciação transferiram seu simbolismo do plano material para o plano intelectual".

Penso pela forma... Foi assim no século XVIII, com o ceticismo de bom-tom, a zombaria espiritual, o materialismo grassando nos salões e tabernas que ganhou os meio maçônicos. Pois o esoterismo abrigado no seio da Ordem não podia caminhar lado a lado com uma Maçonaria nascida de uma sociedade "superficial e fútil".

Fosse como fosse, a Maçonaria Especulativa de Anderson teve uma expansão espetacular. 

Eram 63 lojas em 1723 e 126 em 1733. A grande Loja da Irlanda foi fundada em 1725 e a da Escócia em 1736. A partir da década de 1730, as Índias Britânicas, Antilhas e colônias americanas tinham lojas, ela penetrou na França em 1725 (infelizmente pelas mãos de um doidivana maçom londrino, Philip James Wharton – Duque de Wharton) que mais á frente faço outros comentários, vindo a surgir depois a Loja do Grande Oriente Francês em 1733, tendo por Grão-Mestre Philippe d'Orléans, o duque de Chartre. Às vésperas da Revolução Francesa (1789), contavam 600 lojas na França.

Este fenômeno merece um estudo profundo por parte de historiadores sociais, pois os paradoxos são em abundâncias. Os maçons sacralizaram uma profissão, no momento em que o capitalismo estava extinguindo os últimos vestígios de sacralidade no trabalho. Eles dignificaram os estamentos feudais (modo de ser) nos graus (aprendiz, companheiro e mestre) quando esta ordem social estava em vias de desintegração. Ela permitiu a convivência de diferentes classes e de católicos e protestantes, permitiu aos deístas não engajados em Igrejas uma atmosfera propícia e, aos amantes de belas cerimônias, um reencontro.

Poderia estar à aristocracia francesa cometendo suicídio político no séc. XVIII, ao conviver ou dar legitimidade a uma organização que defendia ideias e ideais liberais e racionalistas? Nada poderia ser diferente se analisarmos que a França era em sínteses o berço da liberdade, mesmo com os absolutismos reinantes, fundamentos criados por Felipe, O Belo, Rei da França, notadamente as coisas das religiões.

A Maçonaria não publicava material no século XVIII. Mas o que apareceu posteriormente (ritos, adereços, símbolos) nos dá alguma ideia de suas práticas e crenças: a herança judaico-cristã foi valorizada, um pouco de Cabala numa "base cristã" e vestígios de hermetismo e alquimia. Um entrelaçamento constante com doutrinas, ritos e crenças rosa-crucianas.

Nos principados germânicos, os maçons teceram a moderna lenda sobre os templários, chegando a envolver o rei da Prússia, Frederico Guilherme II, em uma das organizações. A grande flexibilidade organizacional permitiu a acomodação de várias tendências ritualísticas. Tanto quanto fez surgir, muito mais por questões de egos, do que ideologias, uma grande parafernália de ritos. 

Foram para mais de uma centena. Hoje ativo algo como menos de dez. E por exercícios de participantes três, que são o Rito Escocês Antigo e Aceito, e os dois Ritos de York, o americano e o inglês.

Mas havia quem se ressentisse de uma espiritualidade superficial como André Miguel Ramsay, secretário de Fénelon, que pronunciou um discurso em 1737, na Loja Provincial da Inglaterra, em Paris, da qual era orador e grande chanceler, que contava a história da ordem e instigava a constituição de graus superiores.

Martines de Pasqually, nascido em 1728, de pais judeus convertidos em Grenoble, fundou em 1758, a Ordem dos Cavalheiros Maçons "Elus Cohens de L'UNIVERSE" e expôs sua doutrina no "Tratado de Reintegração dos seres", de evidente base judaica. Seu discípulo Saint-Martin exerceu profunda influência nos meios esotéricos do séc. XIX.

Fundaram-se então os havidos como graus superiores, que são os acima dos três graus básicos da Maçonaria: Aprendiz, Companheiro e Mestre.

E por fim, não podemos esquecer-nos de Cagliostro, ou melhor, Giuseppe Balsama, nascido em Palermo. Teve uma vida movimentada viajando pelo Egito, Malta, Grécia, Espanha e Inglaterra, onde teria se tornado maçom em 1777, na Loja da Esperança, em Londres. Depois disso, Cagliostro transformou-se no grande Copta e foi visto por toda parte na Europa Ocidental, ensinando, curando e iniciando pessoas no Ritual Egípcio. Tornou-se rico. Na década de 1780, em Paris, ele se envolveu com o Cardeal Rohan e o caso do colar de Maria Antonieta. 

Ele esteve na Bastilha e foi banido, retirando-se para Londres, onde escreveu um panfleto, "Carta ao povo francês". Nela, dizia que não voltaria a Paris antes que a Bastilha fosse demolida e transformada em passeio público. Depois de ter sido banido em diversas cidades, ele se dirigiu a Roma em 1789, sendo preso e processado pela Inquisição, que lançou um livreto difamatório sobre sua vida, morrendo em 1795 nos porões do Castelo de San Leo.

Intimamente para minha consciência, me pergunto se algo de anormal, já não estava acontecendo? Seria o começo dos desnortes maçônicos?

Ainda... Como é sabido membros do clero anglicano, bem como cardeais e bispos católicos, pertenceram a Lojas maçônicas.

Volto no tempo, para representar que já em 1189, o Concílio de Rouen condenava as Confrarias de Pedreiros. Em 1326, o Concílio de Avignon renovou a condenação e mencionou o deplorável costume de usar palavras e signos secretos.

A condenação pelo decreto da Sorbonne 1655, já mencionado, ampliara o alvo: sapateiros, seleiros, alfaiates e chapeleiros. Em 1738, o papa Clemente XII promulgou uma Bula ameaçando com a excomunhão os católicos que aderissem à maçonaria. Dois eram os motivos: a organização franqueara as portas a todas as religiões e o juramento do segredo. Consta o fato que o papa morreu dois anos depois, o que aumentou a curiosidade popular sobre a organização.

Aqui abro uma terceira digressão para questões dos juramentos:

Era como sentido claro, que para ICAR - IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA, a questão de segredos e juramentos não era condizente a uma boa ação, contudo, e relembrando o ditado popular, ela agia na forma; FAÇA O QUE MANDO, MAS NÃO FAÇA O QUE FAÇO.

Senão vejamos suas incongruências, para aplicar melhores palavras... Em 18 de maio de 1751, para se fazer, mais efetivamente compreendido das proibições, o papa de plantão no Vaticano, Bento XIV, enumerou seis razões básicas para as ditas e consagradas medidas ou seriam sagradas condenatórias:

A primeira: É que, nas tais sociedades e assembleias secretas, estão filiados indistintamente homens de todos os credos; daí ser evidente a resultante de um grande perigo para a pureza da religião católica;

A segunda: É a obrigação estrita do segredo indevassável, pelo qual se oculta tudo que se passa nas assembleias secretas;

A terceira: É o juramento pelo qual se comprometem a guardar inviolável segredo, como se fosse permitido a qualquer um apoiar-se numa promessa ou juramento com o fato de furtar-se a prestar declarações ao legítimo poder... ; (friso: contra o poder da ICAR);

A quarta: É que tais sociedades são reconhecidamente contrárias às sanções civis e canônicas...; (friso: contra o poder da ICAR);

A quinta: É que em muitos países as ditas sociedades e agremiações foram proscritas e eliminadas por leis de princípio seculares;

A sexta: É que tais sociedades e agremiações não são formadas por homens prudentes e honestos.


Mais do que isso, só dois "issos"!

Entretanto, ela pode produzir e exercitar todos estes "issos", como se pode ver e depreender no Código de Direito Canônico da ICAR. O que não falta são punições para quem, da ordem eclesiástica não guardar segredos, ou mesmo de fiés que não os guardar. A base de juramentos. Tem até possibilidade de casamentos ficarem em segredos.

Vejamos algumas pérolas sobre segredos, dentre centenas, codificados:

Cânones. 471 - Todos os que são admitidos aos ofícios na cúria devem:

1º - fazer a promessa de cumprir com fidelidade o ofício, segundo o modo determinado pelo direito ou pelo Bispo;

2º - guardar segredo dentro dos limites e segundo o modo determinado pelo direito ou pelo Bispo.

Ou seja: Eles podem guardar segredos e exigir juramentos, outras associações e com certeza à maçonaria não! Estão de brincadeiras... Não!

Cânones. 489 - § 1º - Haja na Cúria diocesana outro arquivo secreto, ou pelos menos no arquivo comum um armário ou cofre absolutamente fechado à chave, que não possa ser removido do lugar, onde se guardem com o maior cuidado os documentos que devem ser conservados sob segredo.

§ 2º - Destruam-se todos os anos os documentos de causas criminais em matéria de costumes, cujos réus tiverem morrido ou que tenham terminado com sentença condenatória há dez anos,

Cânones. 1131 - A permissão de celebrar secretamente o matrimônio importa que:

1º - se façam secretamente as investigações pré-matrimoniais;

2º - o Ordinário do lugar, o assistente, as testemunhas e os cônjuges guardem segredo acerca da celebração do matrimônio.

Cânones. 1133 - Inscreva-se o matrimônio celebrado secretamente só no livro especial que se deve guardar no arquivo secreto da cúria.


O pior deles é não guardar o segredo do que é havido por confissão. Nem debaixo de pau, sob torturas o "cara" deve expor, senão é excomunhão na certa. Ou seja:

Para esta turma o que ocorre dentro de seus templos podem e devem ficar em segredos, nos templos dos outros é complô contra a ordem.

Seguindo... Na Inglaterra, depois do Ato de Tolerância Religiosa (1689), os filósofos prosseguiram suas investigações sob o confortável guarda-chuva do deísmo.

Deísmo: Sistema dos que creem em Deus, mas rejeitam a revelação.

Afirma-se com certa nota de antagonismo maçônico, que Adam Smith, em "A riqueza das Nações", louvou o interesse esclarecido (egoísmo), enquanto prestava homenagens ao Supremo Arquiteto, sem perceber claramente que o mandamento cristão - amai-vos uns aos outros - transformava-se em "comprai-vos uns aos outros". (John Milbank - Teologia e Teoria Social).

Já na França, o processo foi bem diferente. Devido ao peso da Igreja na formação social, os filósofos não tiveram outras alternativas senão atacar a "Igreja infame e as superstições". Disso disseram alguns, que o vago deísmo de Voltaire transformou-se no franco ateísmo de Holbach, La Mettrie e Helvétius.
Mas, voltemos para a data de 07/02/1717 quando Jean Theophile Desaguliers reúne quatro lojas metropolitanas para discutir a estrutura maçônica (Inglaterra) e que faria nascer a GRANDE LOJA DE LONDRES, depois GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA.

Juntamente com Anderson, Jean Theophile Desaguliers, que fugira da França após a quebra do Edito de Nantes, começara a tecer os ditames da unificação das diversas Lojas Maçônicas, nascendo todos os atributos, que particularmente denomino como os "dogmas religiosos" impostos então pelas ascendências Anglicanas existentes.

Tornara-se a Maçonaria que poderia ser Universal, a ser Londrina e de forma Teísta, apesar do deísmo de John Toland, que só veria a mudar para o mundo com o cisma Francês havido em 1755, que afora não mais aceitar este teísmo, também se insurgia contra o mando ditatorial Britânico de tal forma a vir a criar o GRANDE ORIENTE DE FRANÇA.

Teísmo: Sistema de crenças na existência de Deus e em sua ação providencial no Universo, advindas de REVELAÇÕES!

Corria o, todavia, com já me referendei o pensamento Francês do que podemos chamar de "laicismo" contemporâneo (rejeição do clericalismo, isto é, da influência do clero na vida pública fora do âmbito da Igreja; secularismo anticlerical), hoje tão reverberado em todas as nações. Confrontando com tudo isto, vejo que não somente a Maçonaria de hoje, não se deixou levar por este laicismo, ipsis litteris, como deveria ser.

Como também se posicionou apolítica, para não ferir sensibilidades de um reinado absolutista, o inglês da época e outros, e obvio de sua subalterna ação de comandos estarem por parte de agentes da casa real inglesa, o que para mim, afora ser um erro fundamental não condiz com as necessidades do aperfeiçoamento do homem e da humanidade, pois não podemos deixar de considerar que nós como "homo sapiens" somos de natureza política.

Para tanto, isto se provou... Convém lembrarmos que desde o primeiro momento que este homem sapiens ou quase, se sentou ao redor de uma fogueira, para traçar os destinos de seu povo (tribo), quer seja para viver sob um líder ou no pensar da forma de como seria o caçar do amanhã, para então obter seus alimentos, fazia atos ostensivamente políticos.

Volto a relembrar que as ingerências da Igreja Anglicana já são bem notórias por ocasião da "fundação" da Maçonaria Especulativa desde os primórdios de 24.06.1717, e que ingerências maiores veriam acontecer quase que descaracterizando a Maçonaria no seu âmago.

Nesta época os mentores maiores eram todos Anglicanos, por exemplo: Rev. James Anderson, George Payne, Jean Theophile Desaguliers (este poderíamos chamar o pai da Maçonaria Especulativa) e por fim Anthony Sayer (primeiro Grão-Mestre eleito – de fato foi aclamado – ademais na maçonaria inglesa a posteriores foram pouco os eleitos). Não há por se discutir ter as fortes influências religiosas dadas aos mentores.

Esta influência como veremos a frente nestas dissertações tornou-se evidente em mudanças feitas nos Regulamentos de Payne (1720), na Constituição de Anderson de 1723 que eram os básicos Regulamentos e Constituição da Maçonaria Inglesa.

Vemos já na mudança da antiga Constituição muitos dos pontos que eram basicamente deístas, tornarem-se pela Constituição de 1815, reformada, pontos básicos teísta e dogmáticos cristãos. Por outra, onde era chamada a atenção de que todos os membros da Maçonaria, tanto para os maiores cargos de Loja, quanto para os dos Grãos Mestrados, inclusive Grão-Mestre, deveriam passar obrigatoriamente por uma eleição e os candidatos já terem sido Veneráreis de suas Lojas, nesta terceira reformulação, põe isto a desconhecimento.

Foram então os estatutos havidos como limites e regras, simplesmente desconsiderado e retirado do texto da anterior Constituição, tudo para sagrar a Monarquia e aristocracia monárquica existente, os fiés donos da Maçonaria para todo o sempre. Refiro-me para aqueles que são maçons, o Trono de Salomão!
Passa-se então por cima destas exigências estabelecidas, e já sob fortes influências e domínios de uma nobiliarquia inglesa e monárquica, a promoverem através de um Conselho Nobiliárquico a eleição dos cargos do Grão Mestrado Inglês.

Façamos um pequeno hiato histórico sobre as coisas da Igreja Anglicana versus Maçonaria, e passemos para as influências da Casa Real Inglesa sobre a Maçonaria Britânica.

Vamos aqui recordar a cronologia dos primeiros Grãos Mestres Ingleses, e sucessões até os dias de hoje, chamando a atenção que somente os primeiros quatro Grão-Mestres não foram membros da casa real inglesa:

1.      1717 - Pastor Anthony Sayer
2.      1718 - Pastor George Payne
3.      1719 - Pastor Jean Theophile Desaguliers
4.      1720 - Pastor George Payne


5.      1721 - 2º Duque de Montagu - John Browne (1º Membro da Realeza Inglesa a ocupar o cargo de Grão-Mestre da Grande Loja de Londres).
6.      1722 - 1º Duque de Wharton - Philip James Wharton - (Idade 24 anos) - 6º Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, é tido também como o 1º Grão-Mestre da Maçonaria Francesa.
7.      1723 - 2º Duque de Buccleuch - Francis Scott.
8.      1724 - 2º Duque de Richmond - Charles Lennox (Idade 23 anos).
9.      1725 - 7º Conde de Abercorn - James Hamilton.
10.    1726 - 4º Conde de Inchiquin - William O’Brien.
11.    1727 - 3º Barão Coleranie - Henry Hare.
12.    1728 - 4º Barão Kingston - James King.
13.    1730 - 8º Duque de Norfolk - Thomas Howard
14.    1731 - 1º Conde de Leicester - Thomas Coke.
15.    1732 - 6º Visconde de Montagu - Anthony Browne.
16.    1733 - 7º Conde de Strathmore - James Lyon
17.    1734 - 20º Conde Crawford - John Lindsay
18.    1735 - 2º Visconde Weymouth - Thomas Thynne (Idade 25 anos).
19.    1736 - 4º Conde Loudoun - John Campbell
20.    1737 - 2º Conde Darnley - Edward Bligh
21.    1738 - 2º Duque de Chandos - Henry Brydges.
22.    1739 - 2º Barão Raymond - Robert Raymond.
23.    1740 - 3º Conde de Kintore - John Keith
24.    1741 - 14º Conde de Morton - James Douglas.
25.    1742/1744 - 1º Visconde Dudley e Ward - John Ward.
26.    1745/1747- 6º Lorde Cranston - James Cranstoun.
27.    1747/1752 - 5º Barão Byron - William Byron (Idade 25 anos).
28.    1752/1753 - 1º Barão Carysfort - John Proby.
29.    1754/1757 - 3º Duque de Chandos - James Brydges (Idade 23 anos) (Filho do Grão-Mestre Henry Brydges - 21º).
30.    1757/1762 - 15º Barão de Morton - Sholto Charles Douglas (Idade 23 anos) (Filho do Grão-Mestre James - 24º).
31.    1762/1764 - 5º Barão Ferrers - Washington Shirley.
32.    1764/1767 - 9º Barão Blaney - Cadwallader Blayney.
33.    1767/1772 - 5º Duque de Beaufort - Henry Somerset (Idade 23 anos).
34.    1772/1777 - 9º Barão Petre - Robert Edward Petre.
35.    1777/1782 - 4º Duque de Manchester - George Browne (?) Não consegui estabelecer qual parentesco com 2º Duque de Montagu – John Browne, que foi o primeiro Grão-Mestre ligado a Realeza Britânica.
36.    1782/1790 - Duque de Cumberland e Strathearn – Príncipe Henry Frederick. (1º Membro Real tornado Grão-Mestre. Desta data em diante o Grão Mestrado Maçom passou a ser um direito hereditário da Casa Real da Inglaterra). Por ter se casado com uma plebeia fez nascer o Royal Marriages Act of 1772. Ato feito pelo Parlamento Britânico, pondo regras nos casamentos dos Reis.
37.    1790/1812 - 1º Marques Hastings - Francis Rawdon-Hastings (Acting Grand Master).
38.    1792/1812 - Príncipe de Gales - George Augustus Frederick – (2º Membro Real tornado Grão-Mestre da Grande Loja de Londres).
39.    1813/1843 - Duque de Sussex - Príncipe Augustus Frederick (Neste ano se deu a unificação das duas maçonarias inglesas, nascendo o que é hoje a GRANDE LOJA UNIDA DA INGLATERRA).
40.    1843/1870 - 2º Conde de Zetland - Thomas Dundas.
41.    1870/1874 - 1º Marques de Ripon - George Robinson.
42.    1874/1901 - Príncipe de Gales - Albert Edward
43.    1901/1939 - Duque de Connaught and Strathearn - Príncipe Arthur William Patrick Albert.
44.    1939/1942 - Duque de Kent - Príncipe George Edward Alexander Edmund
45.    1942/1947 - 6º Conde de Harewood - Henry George Charles Lascelles.
46.    1947/1950 - 10º Duque de Devonshire - Edward William Spencer Cavendish
47.    1951/1967 - 11º Conde de Scarborough - Lawrence Roger Lumley
48.    1967 - Duque de Kent - Edward George Nicholas Patrick Paul é o atual Grão-Mestre.

Até hoje, estes foram os quarenta e oito Grãos Mestres, entre eleitos e reeleitos, durante 250 anos da data da Constituição como Maçonaria Especulativa, e 299 para os dias de hoje.

Destaque-se que foi nestes quatro primeiros anos, e únicos, que à Maçonaria inglesa tinha como comando pastores da Igreja Anglicana.

Umas das coisas a chamar bastante atenção foram às jovialidades de alguns Grãos Mestres que tinham menos de 26 anos, como:

6º   - 1º Duque de Wharton - Philip James Wharton - (Idade 24 anos).

8º   - 2º Duque de Richmond - Charles Lennox (Idade 23 anos).

18º - 2º Visconde Weymouth – Thomas Thynne (Idade 25 anos).

27º - 5º Barão Byron - William Byron (Idade 25 anos).

29º - 3º Duque de Chandos - James Brydges (Idade 23 anos) - Filho do 21º Grão-Mestre.

30º - 15º Barão de Morton – Sholto Charles Douglas (Idade 23 anos) - Filho do 24º Grão-Mestre.

33º -5º Duque de Beaufort - Henry Somerset (Idade 23 anos).

A partir deste último que ocorreu em 1772, especulo que a experiência com esta jovialidade, 7 Grãos Mestres com idade igual ou menor de 25 anos, não tenha sido muito grata, pois após isto, todos á frente, tiveram mais que 35 anos.

Destes de joviais idades, ressalte-se que Philip James Wharton, sexto Grão-Mestre da Maçonaria Londrina foi "degradado como maçom" em reunião aberta, após, concomitantemente ter sido expulso do Parlamento Britânico, para pouco depois de deixar o cargo de Grão-Mestre por conspirar na facção que intentava restaurar a dinastia dos Stuart na pessoa do filho de Jacob II, o pretendente, foi exilado na França. Veremos mais a frente fatos de sua vida pregressa.

Outra, especulação, dada a tantas evidências, é que estes Grãos Mestres eram quase como umas sucessões nobiliárquicas para dentro da Maçonaria Inglesa.

Certeza é que a partir de 1813, foi uma sucessão de irmãos reais. Para exemplo, a 29 de outubro de 1941, George VI então Rei, e 43º Grão-Mestre, instala seu irmão carnal o Duque de Kent como 44º Grão-Mestre da Grande Loja Unida da Inglaterra, que já contava nesta época com 5.216 Lojas.

Disto se mostra fato que a partir de 1721 a Maçonaria passou a ser regida e comandada exclusivamente pela nobiliarquia inglesa (até os dias de hoje) tendo os Cargos de Grãos Mestres somente preenchidos pelos nobres da Inglaterra, sendo o 1º destes nobres para o 5º Grão Mestrado, o Duque de Montagu (John Browne). É de se notar que estes eventos já comemoram neste ano de 2016, 299 de uma monopolização da realeza inglesa sobre a Maçonaria britânica.

Em seguida deste cargo de Grão-Mestre, por Montagu, foi dado em sucessão ao Duque de Wharton, um nobre lascivo cuja biografia os ingleses pouco comentam devido aos escândalos e da sua notória participação no Hells Fire Club.

Por certo, os maçons ingleses, também morrem de vergonha da atuação do duque de Wharton e escondem com unhas e dentes, notadamente as informações sobre o Hells Fire Club.

Relembremos... Já naquela época um fato pouco recomendável era a forma como se elegiam e como eram postos os Grãos Mestres daquela Potência Maçônica Inglesa, ou Londrina. A preferência para ser Grão-Mestre recaia a ser de "sangue azul", ou seja, da nobiliarquia, ou de natureza Real. Da realeza. E professar a religião Anglicana.

Disto, desta realeza imposta, o Philippe, Duque de Wharton (1698-1731), era fundador de um Clube denominado, "Clube do Fogo do Inferno" (Hells Fire Club) pelo ano de 1719. Foi este consagrado o sexto Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, em 1722, na "molecagem" dos seus 24 anos. Afora ser um aristocrata, era um proeminente político Whig do Parlamento Britânico.

Houve outros muitos jovens conforme a relação disposta retro anterior desta redação.

Também, e acredito por não mera coincidência, John Browne - Duque de Montagu - que também foi membro do famoso Hell-Fire Club, fundado pelo Duque de Wharton, sendo antecessor a este como Grão-Mestre, em 1721, sucedendo a George Payne, pois fim ao livre Grão Mestrado naquela potência, quando passou para mando e comando da nobiliárquica e depois em definitivo para realeza inglesa.

Philipp de Wharton (Duque), Grão-Mestre da Grande Loja de Londres, e fundador do Hell-Fire Clube (Clube do Fogo do Inferno), oscilava nos primórdios de sua vida, entre um ateísmo que ridiculariza a religião, passando por uma fase deísta na Maçonaria e morrendo aos 33 anos, convertido ao catolicismo, num convento franciscano na Espanha. Na sua juventude, presidiu algumas reuniões festivas com vestes satânicas numa taverna perto da Praça Saint James em Londres.

Outro distinto integrante do Clube era Lady Mary Wortley Montagu, mulher do Embaixador Edward Wortley Montagu, de notável personalidade e inteligência e, além do mais, amante de Wharton.

Outro ingrediente da trama que devemos relembrar foi o escândalo e a derrocada na bolsa de valores das ações da Cia Mares do Sul (South Sea Co.), em 1720, que levou a quebra dos especuladores, entre eles, os nossos Wharton e James Anderson e tantos outros Grãos Mestres da época, como o pai de Thomas Coke (14º Grão-Mestre).

A saber, a Companhia Mares do Sul (South Sea Co.) foi fundada em 1711 para comercializar com a América Espanhola, principalmente no tráfico de escravos. Tudo estava baseado na Guerra da Sucessão Espanhola, pois a Companhia Mares do Sul esperava lucrar com a guerra civil na Espanha, na esperança de conseguir um tratado que permitisse o tráfico de escravos.

O Tratado de Paz de Utrecht, contudo, firmado em 1713, foi menos favorável do que o esperado, impondo uma taxa anual aos escravos importados e permitindo à Companhia Mares do Sul, enviar somente um navio a cada ano para o tráfico. O sucesso da primeira viagem foi bastante moderado, mas quando o rei Jorge I (que reinou de 1714 a 1727), ao tornar-se o presidente da Companhia Mares do Sul, em 1718, criou-se um estado de confiança tão grande que as ações da Companhia Mares do Sul começaram a entrar em alta.

Além do mais, o Parlamento aprovou uma lei (South Sea Bill), uma duvidosa peça legislativa que permitia à Companhia Mares do Sul assumir todo o débito nacional para pagá-lo com seus lucros. Esta privatização "avant la lettre" resultou num boom (bolha) no mercado de ações. Todo mundo queria freneticamente comprar suas ações e a bolha estourou em 1720 (nos parece o dia de 2008), levando de roldão não só as ações da Companhia Mares do Sul como de todo o mercado.

Quando os investidores quebraram, como vimos acima, o Parlamento criou uma comissão de inquérito, demonstrando cabalmente que, pelo menos, três ministros foram corrompidos (propinas) e mergulharam, também, na especulação. Quaisquer semelhanças com o que ocorre no Brasil não são meras semelhanças. Tal fato foi crucial na subida ao poder de Robert Walpole, que conseguiu salvar o ministério Whig da derrocada.

Wharton, que era um dos interessados, sempre se opôs a este esquema de suporte político desde o começo. Liderava uma coalizão confusa de Whigs e Tories contra o primeiro-ministro Sunderland e Robert Walpole. Aqui convém esclarecer que a política britânica do século XVIII era dominada hora pelo partido Whig e pelo partido Tory, cuja fundação tinha sido estabelecida no século precedente, mas que, só se tornaram partidos, no sentido moderno do termo, em 1784.

As expressões Whig e Tory são palavras gaélicas cuja tradução seria "ladrão de cavalos" e "foras da lei" que eram aplicadas pelos partidários aos membros do campo oposto. Será que vemos isto hoje no Brasil? Risos!

Algo do que temos hoje nos parlamentos pelo mundo, especialmente no parlamento brasileiro, donde uma parte é de ladrão de cavalos, outra parte foras da lei...

Quarta digressão. Mas, dado a tão grata analogia, se parecem.

Os Tories eram basicamente conservadores, opunham-se à tolerância religiosa e frequentemente esposavam a crença no direito divino dos reis. Compunham-se de membros da alta hierarquia da Igreja anglicana e da nobreza de província.

Os Whigs eram, nesta época, o partido majoritário, composto de aristocratas latifundiários e da poderosa burguesia nascente. Eram partidários de uma monarquia constitucional, do imperialismo inglês no exterior e do liberalismo "laissez faire".

A maioria Whig, quando se sentiu pressionada pela coalizão de Wharton, partiu para o contra-ataque. Para desviar a atenção pública do escândalo da Bolha dos Mares do Sul (South Sea Bubble) e minar a credibilidade política de Wharton, Sunderland e Walpole denunciaram, perante o Parlamento, as atividades de Wharton no Clube do Fogo do Inferno. Estas acusações de imoralidade alienaram o apoio dos Tories conservadores e dos Whigs liberais e o poder de Wharton foi quebrado.

O Clube foi destroçado e daí a tentativa desesperada de Wharton em se tornar Grão-Mestre da Grande Loja de Londres em 1722. Parte da descrição do evento se encontra nas edições de 1723 e de 1738 das nossas Constituições de James Anderson. Na primeira edição, este imortalizou Wharton, que é citado diversas vezes, tecendo tanto loas a Wharton quanto ao duque de Montagu, não seria de outra forma, haja vista, que ele foi eleito Grão-Mestre por influência do Wharton, enquanto Grão-Mestre.

Na segunda Constituição – de 1738 - Anderson começa a apagar a imagem do doidivanas Wharton, inclusive tecendo algumas críticas, pois os jacobitas estavam se tornando carta fora do baralho na política britânica.

Wharton foi execrado por diversas razões:

a)     Pela sua imaturidade (24 anos);
b)     Pelo seu libertinismo e;
c)      Por ser jacobita.

Ou seja, partidário de Jaime (Jacobus em latim) II, rei católico da dinastia Stuart deposto em 1688, numa época em que a dinastia protestante alemã de Hanover buscava se firmar no trono inglês. Dizem as más línguas que quando da cerimônia de instalação na Grande Loja, a orquestra tocou um hino jacobita: "Let the King Enjoy His Own Again".

Wharton terminou seus últimos anos de vida viajando para Viena, tentando persuadir os austríacos Habsburgo a invadir a Inglaterra para ré entronizar os Stuart, na volta passa por Roma e termina os seus dias, na maior penúria, num mosteiro franciscano em Madri, após fundar a primeira loja maçônica na Espanha. Não sem antes ter conseguido ser o primeiro Grão-Mestre da Maçonaria Francesa em 1725.

É necessário para compreensão de tudo, se dizer que o duque de Montagu, antecessor de Wharton no Grão-Mestrado era afilhado do rei Jorge I Rei de origem hanoveriana (da casa de Hanôver – Alemão) que a época mal falava o inglês para se fazer compreender. É desta época que se afirma mais o parlamentarismo inglês, sendo Robert Walpole, 1º Conde de Oxford, geralmente considerado como tendo sido o primeiro primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Servia de interlocutor entre o Parlamento e o rei.

Como o referido Duque de Wharton era um doidivanas, foi tarefa de um Grão-Mestre adjunto dirigir os trabalhos da Ordem. Cabendo este intento a Jean Theophile Desaguliers, contudo uma grata tarefa, pois corria em suas veias o espirito maçônico. Foi nomeado três vezes para tal posto: em 1722, pelo "mulherengo" Wharton; em 1724, pelo Conde de Dalkeith; e em 1725, por Lorde Paisley. Não se pode deixar de notar a grande "coincidência" da vivência e influências entre os pares, Duque de Wharton e o Duque de Montagu em coisas que se podem elucubrar como conluios que levaram a Wharton a ser o 6º Grão-Mestre da Grande Loja de Londres.

Estas influências no comando da Maçonaria pela nobreza inglesa, estes conluios, começam-se a se sentir mais forte a partir de 1737, 10 de setembro, quando foi iniciado o primeiro membro da Casa Real na Maçonaria Inglesa. Seu nome era Frederick Lewis, Príncipe de Gales, filho do Rei George II. Esta iniciação foi feita por Jean Theophile Desaguliers, que fez a cerimônia ritualística, numa exceção, no Castelo de Kew, em Richmond.

Nota-se, sobretudo, o nascer desta influência da nobreza, que poderíamos chamar de baixo clero, haja vista, a que eram nobres, porém sem ser da Casa Real, perdurando à quando então o Príncipe de Gales – Príncipe Henry Frederick – primeiro Membro Real tornado em 1782/1790, como 36º Grão- Mestre da Grande Loja de Londres. 

Daí para frente à Maçonaria Inglesa passou efetivamente a ser comandada pelos Membros da Casa Real, "ad aeternum". Hoje já se vão 299 anos de comandos e mandos pela nobiliarquia real inglesa, sendo, 234 anos diretos pela Casa Real Inglesa.

Haveremos também de trazer a lembrança que todas estas mudanças, principalmente na forma ritualística, causaram em 1751 um cisma na Maçonaria Inglesa dada a que os chamados Maçons Antigos não aceitavam no que achavam ser os desmando praticados pelos Maçons da Maçonaria Londrina, por aqueles, chamados de Modernos.

Estas diferenças, muito fortes perduraram até 1813, quando então houve um pacto, entre as duas casas, o Tratado de Reconciliação, que foi assinado no Palácio de Kensington aproveitando a circunstância que as duas Grandes Lojas eram dirigidas por irmãos carnais: o Rei George III, Duque de Kent, como Grão-Mestre dos Antigos e o Duque de Sussex como Grão-Mestre dos Modernos, sendo então este o consagrado como 39º Grão-Mestre da Maçonaria Inglesa, o 3º direto da Casa Real.

O Grão-Mestre dos Antigos era o Duque de Atholl que renunciou em favor do Duque de Kent, para facilitar a fusão.


O maçom brasileiro Hipólito José da Costa, teve participação ativa, no processo, devido a sua estreita amizade com o Duque de Sussex; foi membro da Loja Promulgação e da Loja de Reconciliação. O irmão Hipólito foi nomeado também Secretário para Assuntos Estrangeiros e Presidente do Conselho de Finanças da Grande Loja de 1813 até a sua morte em 1823.





Temos a lamentar, que quando exposto a participar da causa Pernambucana, que veremos a frente, não quis ajudar e nem dar nenhum apoio à causa. Lamentável atitude, maçônica de maçom para maçons.

Esta anomalia de comando, sem eleições pelo povo Maçônico, para seu Grão-Mestre, ferindo os regulamentos de Payne e a 1ª Constituição Maçônica de Anderson (1723), tornar-se-ia pior quando então também passou a serem obrigatórios todos os Membros do Grão Mestrado ser obrigado a serem Anglicanos.

Criando dentro da Maçonaria Britânica o que podemos chamar de maçons de segundo classe, ou seja, tornou aqueles que não fossem da nobiliarquia ou realeza e anglicanos, e que almejassem o Grão Mestrado ou Cargos neste, proibidos de alcançá-los.

Contudo, outro evento de grande importância, mostraria mais estas anomalias.

Por conta da revolução francesa, 1789, com grande participação da Maçonaria francesa, a Maçonaria inglesa, vinha assustando a nobiliarquia inglesa pelo simples fato de sua existência. Por conta disto antecipando qualquer movimento no Estado Monárquico, apressam-se os dirigentes da Maçonaria Inglesa a época, a declarar ao então primeiro ministro inglês William Pitt a total fidelidade e solidariedade a Monarquia e ao governo monárquico. Ato altamente irônico, haja vista, que o comando da maçonaria era feito por um membro da casa real, o Príncipe Henry Frederick.

Porém, não satisfeito, com as declarações do Grão Mestrado da Maçonaria Londrina, exigiu o primeiro ministro Wiliam Pitt, na data de dois de julho de 1798 (numa segunda-feira) em ato do Parlamento Inglês, obrigar a Maçonaria Inglesa a proceder anualmente uma relação para o Estado Monárquico em que houvesse contido: NOME, RELIGIÃO, TÍTULO, PROFISSÃO, ATIVIDADE e ENDEREÇO de todos seus membros, ou seja, o Estado Monárquico Britânico forçou a Maçonaria Inglesa a proceder ao que chamaríamos de uma delação por escrito, de todos seus membros, tornando-se assim perjura ao capitular a aquela imposição. E ela assim submeteu-se, a fim de continuar com suas atividades. Isto perdurou durante 168 anos, só terminando no ano de 1967.

Uma grande pergunta é se teria relacionado o nome do Príncipe Henry Frederick. , então comandando a Maçonaria, no exercício de Grão-Mestre, e não como membro apenas simbólico.

É comum, em defesa destas anomalias citadas, o Maçom Britânico fazer a alegação que a Maçonaria Inglesa estaria protegida pela nobiliarquia, ou realeza, atendendo as tradições Britânicas, mais foi justamente no comando pela realeza, durante o Grão Mestrado do Príncipe Henry Frederick, 36º Grão-Mestre, que ela aceitou submissa fazer as tais relações delatoras para o Estado Monárquico.

Onde estavam às tais proteções? E as tradições deveriam ser maçônicas e nunca as da Monarquia Britânica!

Aproveito o ensejo para outra breve digressão, a quinta, sobre o primeiro ministro inglês William Pitt, e observar o que se segue:

"O quadro tributário da época" não exigia dos mais abastados contribuição proporcionalmente maior, quando, em 1797, William Pitt, solicitou alteração e aumento do "assessed taxes", uma forma rudimentar de taxação baseada nos gastos como indícios de riqueza.

Os contribuintes foram divididos em classes. Na primeira, estavam os que possuíam criadagem, carruagens e cavalos; na segunda, na falta desses elementos, a base de cálculo era medida em relógios, cães e janela; a terceira se baseava na qualidade da habitação. Os contribuintes reclamaram de que havia sido criado um imposto sobre a renda e o capital, mas Pitt discordou, afirmando que o imposto era sobre a despesa. A receita desse tributo era diminuta e pouca as expectativas de aumento.

Preparavam-se, também novas alianças entre a Grã Bretanha, a Áustria, a Rússia e a Turquia. A Inglaterra conseguia sucesso diplomático, mas necessitava de recursos financeiros para subsidiar o ataque contra a França. Em 1798, William Pitt solicitou ao parlamento modificação no "assessed taxes", transformando o imposto sobre despesas numa tributação sobre a renda, em suma, um imposto geral provisório sobre todas as fontes de renda mais importantes. Vem daí o nome "income tax".

Em "3 de dezembro de 1798, na Câmara dos Comuns, Pitt foi defender a instituição do imposto de renda". Conseguindo aprová-lo.

De provisório como imposto de renda dura até hoje. E foi o precursor para este evento.

Findo a digressão, posso afirmar que A MAÇONARIA REAL BRITÂNICA é um caso atípico a todas as Maçonarias do Mundo. Ela é comandada e gerida "ad perpetum" por descendentes da família real, não há eleição para o Grão Mestrado, e para os cargos do Grão Mestrado tem-se que ter o título de "SIR" e ser anglicano, daí não podermos conjecturar aceitação com este exemplo tipicamente inglês.

Foram quebradas e desconhecidas as tradições maiores da Entidade (Instituição Iniciática) Maçônica em prol de uma nobiliarquia e religiosidade. Estes são os fatos e eventos de uma Potência Maçônica que se julga Plenipotenciária de Direitos Universais sobre todas as outras Potências Maçônicas do Mundo, ditando-lhes regularidades. Todavia, quem estará mais na irregularidade Maçônica? Esta é uma grande pergunta.

Dado pelo que a história nos demonstra, e sem nenhumas mudanças em seus comportamentos que ferem princípios básicos maçônicos, que olho como irregularidades, a resposta está presente aos olhos.

No próximo ano a Maçonaria Inglesa irá completar 300 anos de existência, e certamente será uma grande oportunidade para se comemorar tão extensa data quanta tão extensa é a direção do Duque de Kent, atual Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica Real da Inglaterra, que completará ininterruptamente 50 anos de comando.

Para tanto, também este ano, completar-se-á mais de 279 anos desde que o primeiro maçom da realeza aristocrática foi iniciado maçom da Maçonaria Real Inglesa. Seu nome era Frederick Lewis, Príncipe de Gales, filho do Rei George II. Esta iniciação foi feita por Jean Theophile Desaguliers, que fez a cerimônia ritualística, numa exceção, no Castelo de Kew, em Richmond.

Começava nesta data a história do ingresso da realeza britânica no universo da Maçonaria Inglesa, culminando em 1782, em definitivo, portanto neste ano de 2016, 234 anos da usurpação do Trono de Grão-Mestre Maçônico para realeza britânica, exclusive e "ad aeternum" com a ascensão do Príncipe Frederick Lewis. Que a governou por 8 anos, de 1782 a 1790, aquando de sua morte, com quarenta e cinco anos de idade.

Atualmente quem a Governa é o Príncipe Edward George Nicholas Patrick Paul Windsor - Duque de Kent - desde 1967, portanto há 49 anos.

A questão que me faço particularmente e que aqui exponho é se devemos gritar "Vivat", "Vivat", "Vivat" ou HUZZÉ- HUZZÉ - HUZZÉ! "Habemus" uma Maçonaria livre na Inglaterra.

Certamente, que não... Jamais para mim!

Não posso conceber que seja livre uma Potência Maçônica que se dobrou a uma imposição externa da forma como se deu... O cargo de Grão-Mestre da Ordem foi usurpado há precisamente mais de 274 anos, como cargo "ad aeternum", exclusive, a ser preenchido somente por entes da casa Real Inglesa. Mas, isto já nascia há 278 anos ou mais... Quando se mudou estatutos, diria pétreos da maçonaria, com a novação da Constituição de 1738.

O que veio a representar uma subserviência. Um ato simples de subordinação a exercícios externos. Mas, esta imposição e subordinação não param por aí. Este tipo de subordinação veio para cima dos demais cargos do Grão Mestrado Inglês, pois passou a existir outra imposição e subserviência, esta promovida pela Igreja Anglicana amparada pela Casa Real e que consta da Constituição da Grande Loja Real da Inglaterra. Ou como queiram: A UGLE. 

Que para ser membro do Grão Mestrado Inglês é obrigatório que se seja Anglicano. Desta forma todo e qualquer outro iniciado maçom inglês que não seja Anglicano não poderá jamais ser um Membro Ativo do Grão Mestrado. E isto é uma excrecência, afora considerar racismos religiosos.

Isto para mim, já é o suficiente para tornar a Maçonaria Real Inglesa irregular perante todas as Congêneres Maçônicas do Mundo. Feriu e continua ferindo esta Potência, que se intitula plenipotenciária da Maçonaria Especulativa, os princípios da Liberdade e Igualdade individual de todos seus iniciados. Fere os princípios mais elementares da Maçonaria Universal quando tornam alguns de seus iniciados, cidadãos de segunda classe perante os outros, que são os iniciados e que professam a religião anglicana, então os beneficiados.

E isto ocorre por deferência de um preceito que vem há mais de 294, ou nascido há 481 anos, aproximadamente. Preceitos e preconceitos que proíbe alguns de seus iniciados a um total ostracismo junto ao Grão Mestrado Inglês. 

É um ranço trazido de uma Lei promovida por um Rei Bígamo, e excomungado pelo Vaticano através do Papa Clemente III. Passado em 1535, já excomungado, com o "Act of Supremacy" (ato este até hoje ativo), estabeleceu o Rei Henrique VIII ser ele o Chefe Único e Supremo da Igreja da Inglaterra (Igreja Anglicana), daí para o passo de também serem os Chefes da Maçonaria, como ocorreu, foi mera transposição de tempos e eventos.

Nascia nesta época a Igreja Anglicana mantendo os mesmos dogmas que eram atacados pelo protestantismo: o celibato eclesiástico, a transubstanciação (transformação da substância do pão e do vinho, durante a consagração da missa, na substância do corpo e sangue de Jesus Cristo), a validade dos votos de castidade e as missas privadas e o completo conluio Igreja e Estado Monárquico e Autoridade Real. 

Deste conluio, Estado Monárquico e Igreja, surgiu outra imposição para a realeza. Hoje para ser REI ou RAINHA da Inglaterra é obrigatório que os cônjuges professem ambos a religião anglicana, senão não poderão sentar e centrar o trono da Inglaterra.

E esta situação, inconsequentemente também passou a ser uma imposição Constitucional Maçônica para todos aqueles que almejassem ser um membro do Grão Mestrado Inglês, tolhendo, subordinando a todos que não fosse um anglicano a um Ostracismo.

Pode a questão ser legal, como o é, mas entendo imoral e irregular perante os nossos princípios de: LIBERDADE, FRATERNIDADE E IGUALDADE.

Poucos ainda desconhecem e alguns alegam que a realeza veio dar segurança para a Maçonaria Real Inglesa, mais não foi tão assim... Durante quase 170 anos, mais precisamente de 1798 a 1967 a Maçonaria Real Inglesa, através do Grande Secretário era obrigada a fazer uma vez por ano uma relação de todos os membros da Maçonaria com nomes, idades, profissões e endereços para o Estado Monárquico, isto é, esta delação só findou por uma decisão do Parlamento em 1967. Requerido por um deputado maçom de sua casa.

Como pode ver uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa quando feita pesquisas e a verdades se dar transparente. Sem ataques, conchavos ou ilações maldosas, mas tudo para Bem da Verdade, Do Conhecimento e Da Ordem Maçônica.

Mas, com tudo isto LOUVESSE a GRANDE LONGIVIDADE da GRANDE LOJA MAÇÔNICA REAL INGLESA, numa eterna expectativa que volte a ser LIVRE e sem costumes profanos.

E finalmente que venha participar dos Congressos Maçônicos Internacionais, não como plenipotenciários seja, por invocação própria, mas como mais uma Potência a fim de se criar uma sintonia e uniformidades global para todos os maçons, quer seja nos princípios, quer seja num ordenamento ritualístico mais equânime.

Por fim, como aceitar esta forma apolítica de ser da Maçonaria contemporânea, se considerar como Brasileiro, os relevantes fatos históricos políticos de formidável participação maçônica, diga-se de passagem, em TEMPLO. Vejamos alguns pequenos relatos disto que fiz em diversas pranchas:

A Maçonaria brasileira, sem sombra de dúvidas foi à artífice sobre a Independência do Brasil ao julgo Português através de seus membros históricos, tem o seu marco maior nos atos que antecederam ao simbólico grito do Ipiranga dado às margens do riacho do mesmo nome, na província de São Paulo a Sete de setembro de 1822 (um sábado), pelo então Mestre Maçom (Ir:. Guatimozin) S. A. R. Dom Pedro de Alcântara d´Orleans e Bragança.

Os mais memoráveis, a julgar pelos "Atos de Bravuras" desprendidos, começaram nos idos de 1792 com o movimento feito pelo irmão "Tiradentes" (Joaquim José da Silva Xavier) que culminou com a sua morte a 21 de abril, numa sexta-feira. Houvera muitas rebeliões e movimentos em diversas províncias pelo Brasil colônia afora. Todos estes atos foram tratados como insidiosos, contudo, somente uma revolução foi havida e feita pela Maçonaria com a participação popular do povo brasileiro, foi a: Revolução Pernambucana de 1817.

Este movimento revolucionário de caráter republicano e liberal que eclodiu em Pernambuco em março de 1817, portanto 05 anos ante do advento da independência em 1822, e 72 anos do advento da criação da república em 1889, teve como objetivo criar no Nordeste uma REPÚBLICA livre do domínio português e da hegemonia político-econômica do Rio de Janeiro, então residência da Casa Real Portuguesa. O movimento estendeu-se à Paraíba e ao Rio Grande do Norte instalando um governo republicano provisório que durou três longos meses, apenas, e infelizmente.

Crise em Pernambuco

No início do séc. XIX, as províncias do Nordeste, especialmente Pernambuco que como capitania hereditária, era uma das mais ricas do Brasil, sendo a outra, a capitania hereditária de São Vicente/SP, tinha sua forte economia baseada na produção do açúcar e do algodão que exportavam para a Europa. Quando da transferência da corte portuguesa para o Brasil em 1808, instalou-se no Rio de Janeiro, uma sede do vice-reino, mas era uma província pobre. Para sustentar os custos da corte, de seu séquito, da administração e as guerras no Uruguai e na Guiana Francesa, o governo português aumentou os impostos no Nordeste, sobretudo na então, próspera capitania de Pernambuco, e criaram outros.

Dos habitantes do Recife, só para se darem uns exemplos pagavam estes um imposto mensal destinado à iluminação pública do Rio de Janeiro.

A longa seca havida no ano de 1816 acentuou sobremaneira as crises econômicas, abalando até os mais ricos senhores de engenho. Tudo isso criou um clima de revolta contra o governo português do Rio de Janeiro. As ideias liberais e republicanas, o estorvo da corte e o desejo de autonomia política que vinha se difundido há tempos, e pelo mundo, prosperou para difusão destes ideais.

Antecedentes da Revolução

As ideias liberais e revolucionárias europeias tinham sido introduzidas no Nordeste desde o final do séc. XVIII graças às pregações e à ação do padre Irm:. Manuel de Arruda Câmara Médico formado na França, botânico e homem de grande cultura, o padre irmão Arruda Câmara fundou em Pernambuco uma sociedade secreta para-maçônica, o Areópago de Itambé (reunião de sábios, magistrados, literatos, homens ilustres), a qual foi fechada em 1802 sob a acusação de difundir ideias nocivas ao regime. Mas foi substituída, nos anos seguintes, por outras sociedades secretas ligadas à maçonaria.

Fortemente os padres do Nordeste estavam envolvidos com a Maçonaria e em sua maioria eram maçons, e na mocidade fomentavam os ideários sentimentos revolucionários.

Entre eles o padre Irm. João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro (com a Academia Paraíso, foi também o criador da Bandeira Pernambucana, uma bandeira azul e branca, com estrelas, os símbolos do arco-íris, o sol e a cruz vermelha), o vigário de Recife Irm:. Antônio Jácomo Bezerra, o carmelita Ir:. Miguel Joaquim de Almeida Castro (padre Miguelinho), o padre Ir:. José Inácio de Abreu do Amor Divino Caneca (frei Caneca), e os padres IIrr:. José Martiniano de Alencar (pai do escritor José de Alencar), Antônio Pereira de Albuquerque e Pedro de Sousa Tenório, todos os irmãos maçônicos.

Entre 1814 e 1816, surgiram novas lojas maçônicas: Patriotismo, Restauração, Pernambuco do Oriente e Pernambuco do Ocidente. As duas últimas foram fundadas por Antônio Gonçalves da Cruz, dito o Cabugá, e Domingos José Martins, respectivamente. Ambos se tornariam elemento destacado da conspiração revolucionaria que começou a ser tramada, a partir de 1816, nessas sociedades e nos meios militares.

Tomada do poder

Em 1817, Afonso Ferreira, ouvidor de Pernambuco, ingressou na conspiração para espionar e denunciou-a ao governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, que mandou prender os padres, os civis e militares envolvidos.

No dia seis de março (uma quinta-feira), o brigadeiro português Barbosa de Castro foi à fortaleza das Cinco Pontas, em Recife, para prender os oficiais suspeitos. Entre estes estava o capitão Domingos Teotônio Jorge, principal conspirador na área militar. Lá chegando, o brigadeiro Barbosa, foi morto a golpes de espada pelo capitão José de Barros Lima, conhecido como Leão Coroado.

A partir deste fato, a fortaleza das Cinco Pontas, sublevou-se e a revolução estourou antes do dia previsto, o domingo de Páscoa (seis de abril), pois os padres revolucionários queriam fazer "a ressurreição de Cristo coincidir com a da pátria".

Participando também estava o capitão Ir:. José Inácio de Abreu e Lima, juntamente com seu pai padre Roma e seu irmão Luiz, este irmão Abreu e Lima logrou êxito em fuga para Venezuela, quando tombada à revolução, veremos isto a seguir, tornando-se General de Simon Bolívar, maçom, em diversas campanhas por libertações nas Américas.

Tendo à frente Barros Lima, o Leão Coroado, com o capitão Pedro da Silva Pedroso e os tenentes Antônio Henriques Rebelo e José Mariano de Albuquerque Cavalcanti, a guarnição amotinada juntou-se à população nas ruas. Abriram as portas da prisão para os líderes civis, padre João Ribeiro, Domingos José Martins e o Cabugá, que tinham sido presos. O governador Caetano Montenegro foi se refugiar no outro forte de Recife, o do Brum. Pouco depois, saiu da província com a permissão da junta de governo provisório que se formara.

O Governo da Revolução

A composição do Governo Provisório era feita a cinco membros, que pretendiam representar todas as classes. O padre João Ribeiro presidia a junta. Domingos Teotônio Jorge, promovido a coronel e a comandante de armas da província, representava os militares. O juiz José Luís de Mendonça, a magistratura. O fazendeiro Manuel Correia de Araújo, os proprietários rurais Domingos José Martins representava os comerciantes de Recife e era o membro mais influente do governo. O padre Miguelinho atuava como uma espécie de secretário do interior. Havia ainda um conselho de estado formado pelos homens mais cultos da província: o senhor de engenho Antônio de Morais e Silva, autor de um dos primeiros dicionários brasileiros; o português Manuel Pereira Caldas; o vigário Bernardo Luís Ferreira; o comerciante Gervásio Pires Ferreira; e o ouvidor de Olinda, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, irmão de José Bonifácio.

Medidas da Revolução

Após a proclamação da República de Pernambuco, tomou-se a bandeira azul e branca, com estrelas, como bandeira da Republica (e que é o lábaro Pernambucano até os atuais dias). Ainda em março, aboliram-se os impostos pagos ao governo do Rio de Janeiro. O soldo dos militares foi aumentado e os padres passaram a ser remunerado pela República.

No dia 10 de março (uma segunda-feira), o governo publicou um documento - Preciso dos sucessos que tiveram lugar em Pernambuco - para explicar ao povo os objetivos da revolução. Escrito pelo moderado José Luís de Mendonça, porém nada falava em forma republicana de governo.

Pouco depois, foi publicada uma lei orgânica. A lei foi enviada às câmaras municipais de todas as comarcas de Pernambuco. Ela previa a convocação de uma assembleia constituinte. Fixava as limitações do governo provisório da República de Pernambuco, consagrava as liberdades de opinião e de imprensa e os direitos individuais, mas, proibia os ataques ao catolicismo. Os portugueses que viviam no Nordeste seriam reconhecidos como "patriotas" se aderissem ao regime.

Expansão da Revolução

A 28 de março de 1817 (uma sexta-feira) saindo da "Oficina Tipográfica da Republica de Pernambuco" surge o primeiro impresso pernambucano, o famoso "Preciso", em que o irmão José Luís de Mendonça ataca corajosamente o absolutismo imperial.

O governo republicano enviou emissários às capitanias vizinhas, para ganhar sua adesão. O padre João Ribeiro escrevia que Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte "deveriam formar uma só república, devendo-se edificar uma cidade central para capital". Na Paraíba, a revolta eclodiu em Itabaiana, liderada por Amaro Gomes Coutinho. Chegou à capital em 16 de março (um domingo). No Rio Grande do Norte, uma junta republicana, chefiada pelo senhor de engenho André de Albuquerque Maranhão, instalou-se em 28 de março (uma sexta-feira). Para o Ceará foi enviado o padre José Martiniano de Alencar, mais tarde preso na cidade de Crato e remetido para Salvador. Para a Bahia, os revoltosos mandaram o padre Roma, que foi preso quando chegou a Salvador no dia 26 de março (uma quarta-feira), sendo fuzilado três dias depois juntamente com seu filho Luís.

Diplomacia da Revolução

O governo de Recife enviou representante também a países estrangeiros em busca de apoio político Antônio Gonçalves da Cruz e Domingos Pires Ferreira foram aos EUA para estabelecer relações diplomáticas e comprar armas e munições. O comerciante inglês Kesner foi para Londres levando credenciais para que o irmão Hipólito José da Costa se tornasse ministro plenipotenciário da nova república junto ao governo inglês. Mas Hipólito, maçom brasileiro que pertencia a Maçonaria Londrina, recusou o cargo. Félix José Tavares de Lira foi enviado a Buenos Aires para obter o apoio dos republicanos platinos.

Os EUA e a Inglaterra recusaram qualquer auxílio e cortaram as comunicações postais com o nordeste brasileiro.

Buenos Aires não deu qualquer resposta. Os republicanos do Nordeste estavam isolados internacionalmente, sendo assim deveriam enfrentar a repressão, sozinhos, do governo de Dom João VI.

A Repressão

Para repressão do movimento de 1817, partiu da Bahia no final de março mandado pelo governador de Salvador, conde dos Arcos, uma tropa por terra e uma pequena esquadra para bloquear Recife. No princípio de abril, partia do Rio de Janeiro uma esquadra comandada por Rodrigo José Ferreira Lobo. Foram mobilizados no total cerca de oito mil homens para debelar a Revolução e a República criada.

Os governos da Paraíba e do Rio Grande do Norte foram os primeiros a cair, após o assassínio de André de Albuquerque Maranhão. Em Pernambuco, as tropas reais tiveram o apoio dos comerciantes portugueses e da maior parte dos senhores de engenho do interior. Os revolucionários ficaram cercados em Recife.

O cerco de Recife durou até 19 de maio de uma segunda-feira. Neste dia, a vila de Recife amanheceu abandonada pelos revolucionários. Uma comissão militar, presidida pelo general Rego Barreto, comandante da repressão, iniciou então as condenações e os fuzilamentos. Mais tarde, foi substituído por um tribunal de alçada na Bahia, presidido pelo desembargador Bernardo Teixeira, que agiu com igual rigor.

Destinos dos Revolucionários

Carregando uma espingarda e o arquivo da república, o padre João Ribeiro acompanhou as forças republicanas até o engenho Paulista, onde estas se decidiram dispersar. Ali queimou os documentos que poderiam prejudicar seus companheiros e enforcou-se diante do altar-mor da capela. Mais tarde, sua cabeça foi separada do corpo e exposta no pelourinho, seus restos mortais estão hoje enterrados na Matriz da cidade de Paulista.

Em Recife, morreram na forca Domingos Teotônio Jorge, Barros Lima o Leão Coroado, o padre Pedro de Sousa Tenório e Antônio Henriques Rebelo. Os três primeiros foram esquartejados e seus corpos amarrados à cauda de cavalos e arrastados até o cemitério; o último teve o cadáver queimado. Na Paraíba, Amaro Gomes Coutinho, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão, o padre Antônio Pereira de Albuquerque e muitos outros tiveram destino semelhante. Domingos José Martins, José Luís de Mendonça e o padre Miguelinho foram remetidos presos para Salvador, onde foram condenados e fuzilados.

Em 6 de agosto (uma quarta-feira), uma carta régia perdoou a alguns presos. Em 6 de fevereiro (sexta-feira) do ano seguinte, o processo foi suspenso. Alguns réus foram libertados e os restantes 117 foram enviados para as prisões da Bahia, entre os quais Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (irmão carnal de José Bonifácio) e frei Caneca. Os que não morreram no cárcere ou receberam o perdão real, foram libertados em 1820.

Estava lançada a semente de uma Revolução que se pretendia superar ao julgo despótico da realeza Portuguesa e alcançar a graça maior que era a criação de um Brasil República, conseguido finalmente, numa sexta-feira, a 15 de novembro de 1889, pelo Ir:. Marechal Deodoro.

Como esquecer o ocorrido em 07 de Setembro de 1822, onde a Maçonaria foi pelos seus membros, a grande artífice para libertação nacional do jugo português.

Esta história se deu há mais de 194 anos, numa manhã de sábado as margens do Riacho do Ipiranga na província de São Paulo onde se deu o simbólico grito da Independência do Brasil, pelo então Príncipe Regente do Brasil Dom Pedro d'Alcântara de Orleans e Bragança. Um maçom.

Para este ato em muito contribuíram dois ilustres maçons, dentre numerosos outros. Estes ilustres maçons eram então a época não mais do que o Grão-Mestre e o 1º Grande Vigilante do atual Grande Oriente do Brasil, respectivamente, José Bonifácio de Andrada e Silva e Joaquim Gonçalves Lêdo.
Eram duas correntes divergentes e intrigantes dentro do Grande Oriente do Brasil. 

De um lado um grupo com José Bonifácio, um monarquista convicto com ideias preconcebidas de um governo monárquico parlamentarista tendo como Imperador o Príncipe Regente Dom Pedro e do outro lado o republicano Gonçalves Ledo, convicto a um governo republicano totalmente independente de Portugal.

Ambos trabalhavam vigorosamente pela independência do Brasil.

José Bonifácio, conforme balaústre de 02 de agosto de 1822, uma sexta-feira, propôs e foi aceito com unânime aplauso e aprovado por aclamação geral, a iniciação de S. A. D. Pedro d'Alcântara, Príncipe Regente do Brasil e seu Defensor Perpetuo. Nesta mesma reunião foi este iniciado no primeiro grau, na forma regular e prescrita, prestando juramento e adotando o nome de Ir:. Aprendiz Guatimozin.

Em muitas estórias se foi dito que Dom Pedro numa mesma reunião havia sido iniciado, exaltado e aclamado Grão-Mestre o que não é verdade, conforme demonstraremos ao final, reproduzindo uma certidão das atas de reuniões a esse respeito.

Foi Gonçalves Ledo em outra reunião do Grande Oriente, três dias depois da iniciação do Príncipe Regente, exatamente no dia 05 de agosto de 1822, uma segunda-feira, reunião esta à qual presidia "ad hoc", que propôs à exaltação do Ir:. Aprendiz Guatimozin para o grau de Mestre Maçom.

Porém, como havia o irmão Guatimozin sido vinculado à loja nº 1, denominada Comércio e Artes, foi incumbido de lhe conferir o dito grau o Venerável daquela loja o irmão Manoel dos Santos Portugal.

Tinha Dom Pedro nesta época 24 anos completos e foi nesta condição de Mestre Maçom que na manhã de sábado de 07 de setembro de 1822, a margem do rio Ipiranga, deu o simbólico grito da Independência.

Gonçalves Lêdo no dia 09 de setembro de 1822, uma segunda-feira, portanto dois dias após o proclamado grito do Ipiranga, em reunião do Grande Oriente por este presidida (ad hoc), dirigiu do Sólio um enérgico discurso, baseado em sólidas razões, de que naquelas atuais circunstancias políticas por que passava o Império, era por demais imperiosas a ação da proclamação de nossa Independência.

Era inconteste que o mesmo não houvera tomado conhecimento dos atos de Dom Pedro na província de São Paulo.

Era franco nestes dias de acontecimento de fortes idealismos político e pessoais, as correntes (grupos) tomarem posições rápidas, diria até, "de quem chegar primeiro leva", que sorrateiramente Gonçalves Ledo promoveu uma nova reunião no dia 14.09.1822, num sábado, 05 dias após o seu pronunciamento no Grande Oriente e 40 dias após haver praticamente exaltado o Príncipe Dom Pedro, que nessa sessão em particular, aclamou e deu posse ao Irmão Mestre Guatimozin como Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil.

"Desta forma e não numa Assembleia Geral foi destituído o Grão-Mestre José Bonifácio Na realidade a luz dos direitos maçônicos fora cometido um crime até hoje minimizado pelos historiógrafos e maçons".

Seguiu-se, então, comunicados a todas as províncias e às representações estrangeiras no Brasil e efetivamente no dia 12 de outubro de 1822, num sábado, trinta e cinco dias após o simbólico Grito do Ipiranga que se deu oficialmente à proclamação da Independência ao Brasil com a aclamação de Dom Pedro como Imperador do Brasil.

Estes atos e fatos históricos, politicamente fortes na Maçonaria de antanho, nos nossos dias atuais, não haveriam de acontecer tendo em vista que quaisquer discussões de cunho político são proibitivas em nossas reuniões.

Particularmente sou voz discordante, mesmo aceitando-a disciplinarmente, haja vista, esta abstração ferir o caráter essencial do homem, enquanto grupo, desde os primórdios do homem sapiens, que é a sua natureza política Esse caráter é detectado nas mais primitivas sociedades.

Reprodução do artigo publicado a pagina 09 da Revista A Verdade - Abril de 1983:

"Rio de Janeiro 12 de agosto de 1861",

Dr. Alexandre Js De Mello Moraes Gr:. 33 Grande Orador do Gr:. Or:.
Em cumprimento do despacho de sua Excellencia Márquez d'Abrantes Grande Mestre Grande Comendador da Ordem maçônica do Brasil, exarado no requerimento antecedente do Grande Orador da mesma Ordem Dr. Alexandre José de Mello Moraes, em dia 14 d'agosto corrente, extrahi do Livro 1o das Actas das Sessões do Grande Oriente do Brasil, a respeito do que requer o suplicante, o seguinte.

1º Que da acta da sessão em 13 do 5o mez do anno 1822 (2 d'agosto) consta ter o Grande Mestre da Ordem, então, o Conselheiro José Bonifácio d'Andrada e Silva, proposto para ser iniciado nos mysterios da Ordem, S. A. Dom Pedro d'Alcântara, Príncipe Regente do Brazil e seu Defensor Perpetuo e que sendo aceita a proposta com unânime applauso, e aprovada por aclamação geral, foi immediatamente e convenientemente communicada ao mesmo proposto, que dignando-se aceiltal-a, compareceo logo na mesma sessão e sendo tão bem logo iniciado no primeiro gráo na forma regular e prescripta pela liturgia, prestou juramento da Ordem, e adoptou o nome heróico de - Guatimozin.

2º Que da acta da sessão de 16 do mesmo mez e anno (5 d'agosto) presidida interinamente pelo 1o Grande Vigilante do Grande Oriente Joaquim Gonçalves Ledo, consta ter sido proposto e approvado para o gráo de Mestre o sobredito illustre Aprendiz Guatimozin, que por ter ficado pertencendo á loja no 1 denominada Comercio e Artes, foi incumbido de lhe conferir o dito gráo o respectivo Venerável Manoel dos Santos Portugal.

3º Que da Acta da sessão de 20 do 6o mez do mesmo anno 1822 (9 de setembro), consta não só que tendo sido convocados os maçons membros das três Lojas Metropolitanas para esta sessão extraordinária, com o especificado fim adiante declarado sendo tãobém presidida pelo sobredito 1o Grande Vigilante Joaquim Gonçalves Ledo, no impedimento do Grande Mestre José Bonifácio, dirigira do Sólio um enérgico e fundado discurso demonstrando com as mais sólidas rasões, que as actuaes políticas circunstancias de nossa Pátria o rico e fértil e poderoso Brazil, demandavam e exigiam imperiosamente que a sua cathegoria fosse inabalavelmente formada com a proclamação da nossa Independência e da Realeza Constitucional na pessoa do augusto príncipe, perpetuo defensor do Brazil; mas também, que esta moção fora approvada por unânime e simultante acclamação expressada com o ardor do mais puro e cordial enthusiamo patriótico. Que so “.

De tudo isto fica para mim a indagação ou dúvida:

A MAÇONARIA ACOVARDOU-SE OU ACOVARDARAM-SE OS MAÇONS?

M:. M:. Fernando Guilherme Neves Gueiros

EfeGueiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário